Pesquisa da Grant Thornton Internacional mostra que empresários deste segmento estão preocupados com a queda da demanda. Nenhum outro setor foi tão afetado pela gripe suína (H1N1) do que o de turismo, tanto no Brasil como no mundo. Os hotéis estão praticamente vazios e não há perspectivas de melhora em curto prazo. “Destinos antes muito procurados, como Argentina e Chile, por exemplo, estão com baixa taxa de ocupação este mês, quando normalmente a procura é grande por causa do inverno e do custo competitivo”, explica Roberto de Lacerda, sócio da Terco Grant Thornton. “Apesar deste problema, os destinos internos no Brasil têm tido uma procura mais acentuada, o que demonstra quão atentos os empresários deste setor devem estar para não perder estas oportunidades.”
O setor de turismo vem sofrendo impactos desde o ano passado, quando teve início a crise econômica, conforme demonstrou pesquisa da Grant Thornton International, representada no Brasil pela Terco Grant Thornton. De acordo com este estudo, as empresas de capital fechado que atuam no segmento de turismo estão menos otimistas para o próximo ano do que estavam em 2008 com relação a 2009.
Em 2008, o índice de otimismo, que representa uma média entre as respostas otimistas e as pessimistas, foi de +57%. Este ano, o índice ficou em +2%, de acordo com o International Business Report (IBR 2009), que ouviu empresários de 36 paises, incluindo o Brasil. Na média geral, que engloba todos os setores produtivos, o índice é mais pessimista (-16%). Em 2008, o índice geral de otimismo era de +40%.
O setor de turismo, que engloba empresas que se dedicam às atividades de receber, hospedar, alimentar e entreter turistas nacionais e internacionais, teve um boom nos últimos anos em todo o mundo, em especial por causa dos custos mais baixos e do aumento do turismo entre a classe média em economias populosas, como a China e a Índia. Mas, em 2009, por causa da crise econômica, o setor passou por uma fase difícil. Como o turismo é considerado supérfluo, o setor sofreu uma retração face à redução dos rendimentos pessoais e corte de despesas em empresas. Isso causou uma redução tanto no número de viajantes a negócios quanto por lazer. Depois, quando a economia começou a se recuperar, surgiu a pandemia de gripe A, afetando principalmente o turismo. Nos Estados Unidos, por exemplo, os hotéis registraram, em maio deste ano, o 19.º mês consecutivo da ocupação baixa, o que se configura o pior período em décadas.
O impacto foi maior no mercado de luxo, pois os turistas passaram a procurar acomodações mais baratas e a frequentar restaurantes mais modestos. Alguns segmentos, no entanto, foram menos afetados, como é o caso de cadeias de hotéis econômicos e excursões.
De acordo com o IBR 2009, a queda da demanda é citada como a maior preocupação dos empresários: 53% das respostas, sendo que, entre os oitos setores econômicos pesquisados, a média mundial para este índice foi de 39%. Isso mostra como a crise teve um impacto forte sobre o turismo. As perspectivas para a criação de novos empregos caíram de +29% em 2008 para +7% em 2009. Apesar da previsão de menos empregos, a falta de mão-de-obra especializada é vista como um entrave ao crescimento por 38% dos empresários pesquisados. Por causa deste novo cenário econômico, o setor de turismo prevê que o maior obstáculo que terá de superar, agora, é uma queda na demanda (44% das respostas).
De acordo com a Grant Thornton International, apesar do pessimismo o setor de turismo tem algumas razões para manter a confiança. Entre estes fatores a organização destaca que a maioria dos países em desenvolvimento fez grandes investimentos em infraestrutura de longo prazo. Além disso, as viagens de negócios devem crescer no próximo ano, por causa da recuperação da economia, e o mercado ainda apresenta boas oportunidades para operações de fusão e aquisição. A empresa de auditoria e consultoria destaca ainda que as companhias que têm boas estratégias se sairão melhor do que os concorrentes.
O Brasil também foi afetado pela crise econômica, bem como o setor de turismo em geral. A gripe A, por sua vez, diminuiu ainda mais o número de viagens. Mas, apesar do cenário pessimista, mas algumas providências, de acordo com Roberto de Lacerda, para superar o momento negativo:
Dê mais atenção aos turistas domésticos;
Promoções criativas podem fazer a diferença;
Mantenha o foco em reduções e eficiências de custo;
Dê mais atenção aos clientes regulares;
Procure satisfazer as necessidades dos turistas;
Considere introduzir programas de fidelidade;
Examine novas oportunidades no mercado;
Crie pacotes de conferências;
Renegocie custos fixos, como aluguéis, sempre que possível;
Procure uma maior integração entre os agentes da cadeia de valor de seu negócio.