A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é o resultado da associação da inflamação brônquica (bronquite) e da destruição alveolar (enfisema). Na grande maioria dos casos é decorrente do tabagismo. Pode ser considerada como uma patologia sistêmica, uma vez que, além das alterações nos pulmões, o paciente também pode ter cardiopatias, hipertensão arterial, diabetes, asma, osteoporose, entre outros, destaca o Dr. José Eduardo Delfini Cançado, Presidente da SPPT.
“O Dia Mundial da DPOC, 17 de novembro, tem a função essencial de chamar a atenção da população para a doença, que causa muitas mortes, altos custos para o Estado e para a família dos pacientes, bem como um grande impacto social”, comenta dra. Maria Vera Cruz de Oliveira, presidente da Comissão de DPOC da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT).
A SPPT alerta os pacientes que apresentam os sintomas a procurar atendimento com o pneumologista para um diagnóstico e tratamento adequados da doença. “Para o pneumologista, esta é uma data fundamental, uma vez que a maioria dos casos de DPOC é acompanhada por este especialista, o mais indicado nesta área”, completa Dra. Maria Vera.
A SPPT também reforça a importância de abandonar o tabagismo, e que tabagistas e ex-tabagistas, em especial aqueles com mais de 40 anos, façam o exame de espirometria anualmente para um diagnóstico precoce, além de orientações à população sobre a doença e as formas adequadas de tratamento.
Entendendo a DPOC:
Em aproximadamente 15% dos tabagistas é possível detectar a DPOC, o que equivale a um total de 5 a 7 milhões de brasileiros portadores da doença. A prevalência na população adulta está entre 5,1 e 16,7%. O estudo PLATINO (Projeto Latino-Americano para investigação da Doença Obstrutiva Pulmonar) mostrou uma prevalência de 15,8% na população acima de 40 anos, somente na cidade de São Paulo.
A DPOC é a 6ª causa de óbito no mundo e a 5ª no Brasil, atrás somente de infarto do miocárdio, câncer, acidente vascular cerebral e violência (acidentes e homicídios). No país é a doença que apresentou o maior aumento percentual de mortalidade nos últimos 20 anos, chegando ao índice de crescimento de 301%.
Vale ressaltar que se trata de uma doença progressiva, pois inicia com falta de ar para andar em locais planos e, nos estágios finais, o paciente não consegue tomar banho ou trocar de roupa sem ajuda de outra pessoa. Ocorre a partir dos 40 anos, apresentando sintomas como tosse, muitas vezes com catarro, e falta de ar.
O principal exame para diagnóstico e acompanhamento é a espirometria, que avalia os volumes e fluxos respiratórios. Para prevenir a doença, o principal fator é o controle do tabagismo, evitando a exposição passiva e tratando os tabagistas ativos.
“Ainda é uma doença subdiagnosticada, muitas pessoas são portadoras de DPOC, mas desconhecem. Acreditam que a falta de ar que sentem é devido à idade, à falta de condicionamento físico ou até mesmo à obesidade, não recorrendo à procura de um médico”, alerta dra. Maria Vera Cruz de Oliveira.
O tratamento da DPOC visa a evitar a progressão da doença, aliviar os sintomas, aumentar a capacidade de exercício e a qualidade de vida, além de prevenir complicações e diminuir a mortalidade. Os resultados são melhores se o diagnóstico e início do tratamento são realizados precocemente.
Pode fazer parte do tratamento, além da medicação, reabilitação pulmonar, oxigenioterapia ou cirurgia.
Iniciativas governamentais
No Estado de São Paulo, a Secretária de Saúde só fornece gratuitamente medicamentos para os pacientes com diagnóstico de DPOC grave e muito grave. Apesar do acesso ainda restrito, para a SPPT esta é uma conquista que melhorou muito a evolução destes grupos de doentes.