Os antigos ferroviários da Madeira-Mamoré voltarão a trabalhar na lendária estrada de ferro, extinta em 1972, tombada como patrimônio histórico nacional em 2007 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e em processo de revitalização pela Prefeitura Municipal de Porto Velho.
Um acordo de cooperação técnica entre o Iphan, a e a Santo Antônio Energia S.A, empresa construtora da hidrelétrica de Santo Antonio será concluído ainda no mês de junho. Os ferroviários da extinta ferrovia se organizaram em forma de Cooperativa com o apoio da Senadora Fátima Cleide, que colocou à disposição deles toda a sua assessoria para agilizar os trâmites necessários para a legalização da Cooperativa.
A Santo Antônio Energia S.A repassará uma verba para a Cooperativa dos Trabalhadores do Ramo Ferroviário da Madeira-Mamoré que por sua vez, remunerará os ferroviários que voltarem ao trabalho.
Esse acordo faz parte das condicionantes estabelecidas pelo Iphan para a revitalização do bem tombado, e uma das exigências é a reinserção de todos os antigos ferroviários que trabalharam na EFMM no centenário ambiente da ferrovia.
O objetivo é valorizá-los no contexto da restauração do Parque Ferroviário já que os eles detém a experiência e o conhecimento adquiridos durante décadas trabalhando para funcionamento da linha.
Inicialmente, os ferroviários executarão trabalhos de recuperação da automotriz chamada de “litorina”, de material rodante, manutenção regular do “Cemitério da Candelária” após o término de suas obras e depuração no trabalho de inventário das peças do museu, realizado em 2008 numa parceria com 17ª Brigada de Infantaria de Selva, Fundação Iaripuna e Funcetur, de Guajará-Mirim e a Cootrafer.
A coordenação dos trabalhos será feita por uma equipe contratada pela Scientia , dirigida pela arquiteta Mariana Sampaio, especialista em gestão do Patrimônio Cultural e Desenvolvimento Urbano.
O Superintendente Regional do Iphan em Rondônia, Beto Bertagna, disse que dessa forma se corrige uma injustiça com os ferroviários, que foram violentamente alijados da Madeira-Mamoré. “Eles são os verdadeiros heróis que mantiveram aquele espaço com abnegação e esforço” – disse Bertagna
“No ano passado (2008) uma comissão percorreu toda a linha até Guajará-Mirim, passando pelos distritos de Jacy-Paraná, Mutum-Paraná, Abunã, Vila Murtinho entre outros para inventariar os bens móveis da extinta ferrovia. É a primeira vez, desde 1966 que se faz este trabalho. Nesta pesquisa, os ferroviários já foram incluídos por deterem o conhecimento das peças e dos seus usos” – acrescentou Bertagna.
O maquinista Sebastião Alves de Carvalho, de 69 anos disse que “é muito importante este momento que traz de volta a família ferroviária para o seu verdadeiro lar”. “Os ferroviários de verdade, que trabalharam na linha férrea estão exultantes com o novo alento trazido pelo acordo de cooperação” – disse Carvalho.
O presidente da Cootrafer, Paulo da Costa Ramos , disse que “até os mais antigos trabalhadores terão função na restauração da EFMM”, “os mais idosos trabalharão como consultores”. Ele assinalou que: “É um velho sonho nosso que está sendo realizado.”
Agência de Notícias da Amazônia (ANA)
Jornalista responsável: Nelson Townes, MTE 327/AM