Parceria com o Ministério da Saúde oferecerá, gratuitamente, aulas teóricas e práticas para profissionais da saúde
Em parceria com o Ministério da Saúde, a Universidade Federal de São Paulo promoverá, a partir do segundo semestre deste ano, o primeiro curso de capacitação para o diagnóstico e tratamento da Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) para profissionais com graduação na área da saúde de todo o país.
Desde o final de 2008, a SSP foi incluída no Catálogo Internacional de Doenças (CID), após uma iniciativa inédita brasileira, junto a um comitê internacional.
A batalha para incluir a síndrome no CID começou em 2004, quando Acary Bulle Oliveira, Abrahão Augusto Juviniano Quadros e Mônica Tille Reis Pessoa Conde, do Setor de Investigação de Doenças Neuromusculares da UNIFESP, elaboraram o documento técnico da Síndrome Pós-Poliomielite e conseguiram sensibilizar autoridades da Saúde e o responsável do Centro Brasileiro de Classificação de Doenças, Rui Laurenti.
A medida beneficiará milhares de pessoas no Brasil e no mundo, todas com seqüelas de poliomielite e 68% delas com probabilidade de desenvolverem a nova doença.
“Agora, com o reconhecimento e a inclusão da síndrome no CID e já constando no novo catálogo que será publicado em 2010, é de primordial importância que os profissionais estejam aptos a diagnosticar e tratar pacientes acometidos por essa nova doença”, explica Acary Oliveira. “Só buscando parcerias no cuidado aos pacientes acometidos pela Síndrome Pós-Poliomileite é possível melhorar a qualidade de vida do indivíduo”.
De acordo com ele, o curso de capacitação também possibilitará descentralizar o tratamento em São Paulo e melhorar o monitoramento dos casos já existentes no Brasil.
O curso é gratuito e será realizado em cinco turmas diferentes, com 200 vagas para cada uma delas. A capacitação é voltada à especialistas nas áreas de Neurologia, Ortopedia, Fisiatria, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Psicologia, Nutrição, Educação Física e Terapia Ocupacional.
O primeiro módulo acontecerá nos dias 12 e 13 de agosto e, o segundo, nos dias 21 e 22 de outubro. As demais turmas ocorrerão no primeiro semestre de 2010.
As inscrições devem ser realizadas exclusivamente pela internet, no sitehttp://proex.epm.br/eventos09/poliomielite/inscrição.htm , até o dia 10 de agosto, para a primeira turma. Os interessados em participar do segundo módulo, têm até o dia 16 de outubro para assegurar a vaga.
Mais informações podem ser obtidas no telefone da Pró-reitoria de Extensão da UNIFESP nos telefones (11) 5576-4717 e 5576-4722.
Entenda o que é a Síndrome Pós-Poliomielite
Classificada como um transtorno neurológico que aparece após 15 anos ou mais em pessoas que foram acometidas pela poliomielite, a Síndrome Pós-Poliomielite (SSP) é caracterizada por um novo quadro sintomatológico que inclui fraqueza muscular e progressiva, fadiga, dores musculares e nas articulações, que diminuem a capacidade funcional ou, então, resultam no surgimento de novas incapacidades para o indivíduo. Há pacientes que ainda apresentam dificuldade de deglutição e respiração.
O responsável pelo Setor de Investigação de Doenças Neuromusculares da UNIFESP, Acary B. Oliveira, explica que uma das causas da síndrome seria pela super-utilização de neurônios originalmente afetados pela poliomielite, que foram sobrecarregados ao longo dos anos. Atualmente, o Setor de Neuromuscular da UNIFESP atende aproximadamente 700 pessoas por mês e registra 804 pacientes com SSP.
Poucos são os dados epidemiológicos em torno dessa nova doença no país. Entretanto, uma pesquisa realizada no Ambulatório do Setor de Investigação Neuromusculares da UNIFESP aponta que 77,2% dos 167 pacientes avaliados foram diagnosticados como SSP por apresentarem instalação de nova fraqueza muscular de origem neurogênica. Os pacientes com SSP também apresentaram, além da nova fraqueza, dor articular (79,8%); fadiga (77,5%); dor muscular (76%); distúrbios do sono (72 %); intolerância ao frio (69,8%), aumento de peso (58%); nova atrofia (48,8%), problemas respiratórios (41%) e disfagia (20,9%).
O tratamento para SPP é multidisciplinar e inclui repouso, diminuição da atividade física, fisioterapia leve, orientação alimentar e, em muitos casos, suporte mecânico e respiratório.