O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), inaugura na próxima terça-feira (22), às 19 horas, na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), memorial em homenagem aos estudantes José Wilson Lessa Sabbag, Maria Augusta Thomaz, Carlos Eduardo Pires Fleury, Cilon da Cunha Brum e ao professor Luiz Almeida Araújo, presos e mortos durante o regime militar (1964-85) por lutarem pela democracia no país. A homenagem é resultado de parceria da SEDH com a PUC/SP e faz parte do projeto Direito à Memória e à Verdade.
O ato desta terça-feira homenageia cinco brasileiros mortos entre 1969 e 1974 por se oporem ao regime na luta pela liberdade e coincide com outra data histórica: os 32 anos da invasão da universidade e prisão de centenas estudantes pela repressão. Era noite de 22 de setembro de 1977, quando o campus da PUC foi brutalmente invadido pela Polícia Militar paulista, comandada pelo então secretário de Segurança Pública do Estado, o coronel Erasmo Dias. O pretexto para a invasão: a realização ali, naquela tarde, do 3ª Encontro Nacional de Estudantes (ENE), que buscava refundar UNE (União Nacional dos Estudantes), então na ilegalidade. O encontro tinha sido terminantemente proibido pelo governo militar e a realização havia sido impedida, dias antes, em Belo Horizonte (MG) e, em seguida, no campus da Universidade de São Paulo (USP).
O projeto Direito à Memória e à Verdade da SEDH/PR iniciou em 29 de agosto de 2006 com a abertura da exposição fotográfica “Direito à Memória e à Verdade – A ditadura no Brasil 1964 – 1985”, no hall da taquigrafia da Câmara dos Deputados, em Brasília. Em 2007 foi lançado o livro Direito à Memória e à Verdade, que resgata para a história do país a trajetória e as circunstâncias de prisão, tortura e morte de aproximadamente 500 brasileiros e brasileiras que se opuseram ao regime militar.
O projeto tem o objetivo de recuperar e divulgar o que aconteceu nesse período da vida republicana brasileira. São registros de um passado marcado pela violência e por violações de direitos humanos. Disponibilizar esse conhecimento é fundamental para o País construir instrumentos eficazes e garantir que esse passado não se repita nunca mais.
Os homenageados – Memorial pessoas imprescindíveis
José Wilson Lessa Sabbag (1943-1969)
Estudante do 5º ano de Direito na PUC de São Paulo, foi morto no dia 03/09/1969, na capital paulista, durante uma controvertida perseguição, que envolveu dezenas de agentes da Polícia Civil, Força Pública, Marinha, Dops e Operação Bandeirante. Integrante da Ação Libertadora Nacional, havia sido preso no 30º Congresso da UNE, em outubro de 1968, em Ibiúna.
Maria Augusta Thomaz (1947-1973)
Estudante da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, foi morta em maio de 1973, junto com o companheiro de militância no Movimento de Libertação Popular (Molipo), Márcio Beck Machado, na fazenda Rio Doce, sul de Goiás, a 240 quilômetros de Goiânia, entre os municípios de Jataí e Rio Verde, em circunstâncias ainda mantidas sob completo segredo.
Luiz Almeida Araújo (1943-1971)
Professor de história, ator e militante da ALN, cursou Ciências Sociais na PUC-SP. No dia 24/06/1971, quando se deslocava pela avenida Angélica, em São Paulo, foi seqüestrado pelos órgãos de repressão da ditadura e desapareceu. Pouco antes, no mesmo carro, havia conduzido um dos dirigentes dessa organização clandestina, Paulo de Tarso Celestino da Silva, a um encontro com o agente infiltrado conhecido como Cabo Anselmo.
Carlos Eduardo Pires Fleury (1945-1971)
Estudou Filosofia na USP e Direito na PUC/SP. Foi morto em condições misteriosas, no Rio de Janeiro, em 10/12/1971, quando era um dos principais dirigentes do Molipo. Preso em 1969 e submetido a brutais torturas, estava entre os 40 presos políticos libertados e enviados à Argélia, em junho de 1970, em troca do embaixador alemão no Brasil, capturado numa operação guerrilheira.
Cilon Da Cunha Brum (1946-1974)
Foi estudante de Economia da PUC/SP, presidente do Diretório Acadêmico de sua faculdade e dirigente do Diretório Central dos Estudantes, além de trabalhar em uma agência de publicidade. Antes de desaparecer, em 27/02/1974, combateu na guerrilha do Araguaia, como militante do Partido Comunista do Brasil.
Direito à Memória e à Verdade – Inauguração do Memorial Pessoas Imprescindíveis em homenagem aos estudantes da PUC/SP
Data: 22 de setembro de 2009
Hora: 19 horas
Local: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), rua Monte Alegre, 984, Perdizes, São Paulo, hall de entrada do Tuca