Enquanto a remuneração no mercado norte-americano cresceu 10% nos últimos quatro anos, os salários dos altos executivos no Brasil tiveram um aumento de quase 20%. Embora este porcentual não cause surpresa, uma vez que a remuneração dos executivos brasileiros acompanhou de perto a inflação acumulada no mesmo período, quando esta mesma análise é feita considerando a remuneração em dólares, a evolução do mercado local atingiu quase 50%, fruto da variação cambial positiva do Real frente à moeda americana. Tal valorização do pacote de remuneração dos executivos brasileiros tem gerado frequentes discussões entre as áreas de recursos humanos das subsidiárias de empresas multinacionais e seus pares nas casas matrizes. Como efeito prático, observa-se uma diminuição no processo de expatriação de profissionais brasileiros para outros países, já que o potencial de ganho aqui dificilmente é superado.
A forte demanda por profissionais qualificados e as boas perspectivas da economia brasileira para os próximos anos certamente contribuirão para que esse cenário permaneça inalterado, conforme aponta a 8ª edição da Strategic Compensation Survey, Pesquisa de Remuneração Total conduzida anualmente pela Towers Watson.
Com data-base de maio de 2010, o estudo envolveu 314 empresas, abrangendo cerca de 330 mil profissionais, distribuídos em 500 posições, do CEO ao menor cargo administrativo. O trabalho trouxe informações detalhadas sobre práticas, tendências e políticas em companhias brasileiras e estrangeiras, de diferentes segmentos, como energia elétrica; serviço de petróleo e gás; equipamentos hospitalares; farmacêutico; bens de consumo; exploração e produção de petróleo e gás; montadoras; químico; agroquímico; autopeças; serviço de produção de petróleo e gás; serviço de transporte marítimo; mineração, siderurgia e metalurgia; equipamentos elétricos e eletrônicos; derivados de petróleo; entre outros. Juntas, elas empregam 830 mil funcionários e possuem um faturamento total superior a US$ 330 bilhões. A maioria delas tem sede em São Paulo (52%) e no Rio de Janeiro (32%), sendo que em 38% dos casos, o capital tem origem europeia.
Principais tópicos abordados:
Aumentos concedidos x inflação
Com o mercado cada vez mais acirrado, a demanda por mão de obra continua forte no País. De modo geral, em 2010 os reajustes salariais novamente superaram a inflação. Os acordos coletivos propiciaram ganhos reais entre 1% a 2,5%, sendo que em alguns setores específicos, os sindicatos obtiveram reajustes acima de 3% da inflação. A situação deverá ser a mesma nos próximos anos.
Evolução por nível hierárquico
Entre junho de 2009 e maio de 2010, a média de reajustes salariais ficou acima da inflação: 6,2% contra um INPC de 5,8%. Porém, é preciso lembrar que muitos mudaram de posição e, portanto, receberam mais.
Reajustes salariais entre indivíduos
Os aumentos individuais foram elevados, mantendo um forte processo de movimentações horizontais e verticais (promoções). Tanto no nível profissional quanto no nível executivo, o aumento médio foi de 8,2% entre os não promovidos e de 24% entre os promovidos.
Remuneração Variável
Em 2010, as empresas distribuíram para seus executivos R$ 1,15 bilhão, considerando-se apenas as posições reportadas na pesquisa. Se todas as companhias e executivos tivessem alcançado plenamente todas as metas (target), o montante a ser distribuído seria de aproximadamente R$ 1,2 bilhão. Portanto, pode-se concluir que o bônus foi pago a 97% do target. Em 2009, esse porcentual foi de 96,2%. Os executivos que não receberam nenhum valor a título de bônus ou PLR somam apenas 4,5%.
O setor automotivo pagou 66% do bônus target, enquanto que no de petróleo esse índice foi de 97%. Por outro lado, segmentos como o de bens de consumo pagou mais que o esperado, em torno de 135%. Em múltiplos de salário mensal, um CEO recebeu, em média, 15,5, enquanto sua meta era de 17,2. Já nos demais cargos, a diferença entre o recebido e a meta foi bem menor.
Incentivos de Longo Prazo (ILP)
Há um aumento gradativo no número de organizações com programas de Incentivos de Longo Prazo. Hoje elas representam 42,4%: entre as estrangeiras este porcentual atinge quase 50% e entre as brasileiras 26%. Embora apenas 1 em cada 4 empresas brasileiras possua um programa de ILP, é observado um crescimento rápido deste tipo de remunerações entre as organizações nacionais, sobretudo nas companhias negociadas na bolsa de valores. Houve um acréscimo na proporção de programas de Restricted Stock e Performance Shares, de 51 para 81, em relação ao ano passado.
Benefícios
Nos últimos 12 meses, nenhuma empresa cancelou benefícios significativos nem reduziu o nível oferecido. De modo geral, há uma manutenção dos esquemas de compartilhamento dos custos entre empresa e colaborador. Os benefícios mais praticados são respectivamente: assistência médica, seguro de vida, assistência odontológica, previdência privada e automóvel designado. Para contenção dos custos, continua sendo utilizada a negociação de contratos com fornecedores.
Perspectivas para 2011
Quanto às expectativas para a próxima negociação salarial, apenas 3% dos entrevistados acreditam que haverá reposição parcial da inflação. Os demais esperam um reajuste pleno ou acima da inflação — entre 1,1% e 2%, para a maioria.
Considerando acordo coletivo, mérito e enquadramento, a previsão de crescimento médio da folha de pagamento é da ordem de 8,1% para todos os níveis profissionais.
Sobre a Towers Watson
A Towers Watson é uma empresa global líder em serviços profissionais que auxilia as organizações a melhorar seu desempenho através do gerenciamento efetivo de pessoas, finanças e riscos. Com 14 mil colaboradores, oferece soluções nas áreas de benefícios para empregados, talentos e recompensas, gerenciamento de risco e capital.