Câncer de próstata – de acordo com o Inca em últimos dados divulgados, a estimativa era de 49.530 novos diagnósticos da doença por ano, no Brasil. Em termos de valores absolutos, trata-se do sexto tipo de câncer mais comum no mundo e o mais prevalente em homens. A boa notícia é que as chances de cura são elevadas, especialmente quando o diagnóstico se dá na fase inicial. Além disso, os avanços tecnológicos possibilitam tratamentos eficazes, como a braquiterapia.
A técnica, que chegou ao Brasil nos anos 90, é uma espécie de radioterapia. “Ela utiliza cápsulas de radiação que são implantadas no interior da próstata. Elas liberam doses de radiação sobre o tumor de forma que órgãos e tecidos sadios que o rodeiam sofram o menor impacto possível durante o tratamento”, conta o médico Eriston Wendt Uhmann, diretor do Hospital Urológico de Brasília, primeira instituição da capital federal a oferecer o tratamento e sétima do País.
Segundo Uhmann, a intensidade da radiação e o tempo de permanência das cápsulas no organismo do paciente variam de caso para caso. No caso da próstata, o implante costuma ser permanente. “Mas sua atividade radioativa tem meia-vida de 59 dias, portanto, após alguns meses, as chamadas ‘sementes’ deixam de emitir a radiação”, completa o especialista.
As sementes de radiação, em número aproximado de 100, são levadas até a próstata por agulhas transperineais e posicionadas, sob controle de ecografia e raios x, de forma a distribuir homogeneamente a radiação em todo o tecido prostático. Esse procedimento é realizado no centro cirúrgico, sob anestesia. O processo de implantação das fontes leva duas horas. O procedimento pode acontecer com alta ou baixa taxa de dose. “Essa classificação é feita a partir da modalidade técnica e da quantidade de energia em cada cápsula. No caso da próstata, a dose indicada é de 145 Gy e a fonte é de iodo-125. Trata-se de uma baixa taxa”, explica o médico.
Vantagens – A braquiterapia pode evitar que a próstata seja retirada. “Além disso, ela exige um pequeno tempo de internação (no máximo 24 horas) e oferece menor risco de impotência sexual após o tratamento, se comparada à cirurgia tradicional”, lembra o diretor do Hospital Urológico de Brasília. Outra boa notícia é que a atividade sexual do paciente pode ser retomada cinco dias depois do implante.
Após uma semana de repouso, o exercício da profissão também pode ser reiniciado. “A partir daí, o acompanhamento do paciente torna-se ambulatorial, com consultas e exames”, complementa Uhmann. Vale ainda destacar que o uso dos materiais radioativos na braquiterapia é sempre seguro, desde que tomadas as medidas de garantia necessárias. “Cada cápsula tem, individualmente, pouca energia. Portanto, pode ser manipulada com segurança”, conta o médico.
Mas, para que o tratamento com a braquiterapia seja bem sucedido, é fundamental que a avaliação do paciente tenha sido detalhada. “O procedimento é indicado para diagnósticos realizados na fase inicial da doença. Se o câncer estiver muito avançado, o paciente deve ser submetido à cirurgia e à radioterapia”, alerta Uhmann.