O Índice de Preços no Varejo (IPV) calculado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) na capital paulista apresentou alta de 0,28% em fevereiro. No mês anterior, o indicador havia registrado impulso de 0,68% e, assim, acumula elevação de 0,91% em 2010. Nos últimos 12 meses encerrados em fevereiro, a variação foi de 1,79%. Entre os 21 grupos de produtos analisados pelo IPV, 12 registraram alta em seus preços médios, sendo que o segmento de Combustíveis e Lubrificantes foi o principal responsável por alavancar o indicador. Em fevereiro, este setor apresentou variação de 1,65% e, no ano, já acumula 4,07%.
Júlia Ximenes, assessora econômica da Fecomercio, destaca a alteração da formula da gasolina, que passou a contar com 20% de álcool em sua composição (antes era 25%), e a redução da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) foram importantes ações do governo para segurar o preço da gasolina (que teve alta de 1,61%) e do álcool combustível (alta de 2,48%). “O custo destes produtos vem sendo influenciado pela redução da oferta de cana-de-açúcar no mercado interno. Essas medidas vão segurar o avanço exagerado do preço até que as condições de oferta se normalizem com o início da safra”, explica.
O setor de Feiras, impactado pelas chuvas, teve sua oferta de produtos reduzida, impactando sobre o valor de verduras, legumes, tubérculos e frutas, que apresentaram altas de 21,54%, 4,97%, 2,11% e 1,27%, respectivamente. Com isso, o segmento registrou variação de 5,03% no mês. Segundo Júlia, em função das condições climáticas desfavoráveis, nos próximos meses, os produtos alimentícios devem continuar influenciando o aumento no índice geral.
Já o indicador Supermercados apontou variação de 0,38%. Uma elevação modesta se comparada à aceleração de 1,02% de janeiro. Apesar de apresentar alta de 7,73% nas verduras, 8,24% nos legumes e, 5,37% nos ovos, as aves e, principalmente, os pescados contaram com reduções expressivas de 1,17% e 4,89%, respectivamente.
Outros grupos que registraram elevação dos preços em fevereiro: Eletrodomésticos (0,54%), Material de Construção (0,41%), Padarias (0,18%), Livraria (0,77%) e CDs (0,75%).
Pontos positivos
Certos setores apresentaram recuo de preços, por outro lado, impedindo que o IPV fosse ainda mais impulsionado. O segmento de Veículos, por exemplo, foi favorecido com uma forte procura devido à proximidade do término da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Em fevereiro, todos os itens que compõem o indicador desta atividade registraram queda.
Os últimos dias do IPI reduzido também estimularam as vendas na área de Móveis e Decorações, que terminou o mês com a segunda queda consecutiva e preços 0,46% menores. “A partir de março, sem o benefício fiscal do IPI, os preços de Móveis, Veículos e Materiais de Construção podem ser ligeiramente impulsionados” adverte Júlia.
Os Açougues, que em janeiro tiveram alta de 1,19%, no último mês anotaram redução de 1,48% em seus preços. Para alegria dos consumidores, as carnes foiçaram mais baratas: -2,09% em aves; -2% nas suínas; e -1,33% nas bovinas.
O segmento de Eletroeletrônicos registrou sua quarta queda consecutiva, fechando fevereiro com variação negativa de 0,79%. Segundo a economista, o período é propício para liquidações de queima de estoques e o comportamento do setor pode ser sazonal.
Mais grupos que registraram recuo em fevereiro: Drogarias e Perfumarias (0,10%), Relojoarias (0,70%) e Vestuário, Tecidos e Calçados (0,13%)
Nota Metodológica
O Índice de Preços no Varejo (IPV) é apurado mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) desde 1992, tendo sido atualizado periodicamente de forma a se manter moderno e adequado ao perfil do varejo. Os dados são coletados junto a cerca de 2.000 estabelecimentos comerciais no município de São Paulo, contemplando 21 segmentos varejistas e 450 subitens pesquisados. A pesquisa conta com uma amostra mensal de aproximadamente 105 mil tomadas de preços. O indicador tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no comércio varejista em seus vários ramos de atividade. Os resultados obtidos, de forma bastante ampla e precisa, são úteis para o acompanhamento da variação de preços ao longo do tempo em diferentes setores do varejo, além de permitir a análise da evolução dos custos ao consumidor de acordo com o tipo específico de consumo. Permite também à indústria conhecer a evolução dos preços praticados no varejo, auxiliando na determinação de margens adequadas para a formação do preço de venda.
Sobre a Fecomercio
A Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 153 sindicatos patronais, que abrangem mais de 600 mil companhias e respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.