O faturamento do comércio varejista ultrapassou os R$ 8,3 bilhões em agosto, segundo a Pesquisa Conjuntural do Comércio Varejista (PCCV e-Bit), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) em parceria com a e-Bit. As vendas no setor cresceram 5,6% em comparação ao mesmo mês de 2009 e, no ano, o faturamento real acumula alta de 5,4%.
De acordo com o assessor econômico da Fecomercio, Altamiro Carvalho, o nível das vendas deve permanecer aquecido até o fim de 2010. “Devemos fechar o ano com um aumento real das vendas ao redor de 6%, um número bastante expressivo, considerando a base alcançada em 2009”, avalia Carvalho.
O principal responsável por este crescimento foi o setor de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, que apresentou faturamento 32,9% superior ao do mesmo período do ano anterior. Segundo a PCCV e-Bit, as vendas no setor superaram até mesmo as taxa de crescimento do comércio eletrônico, que durante o mesmo período teve um impulso de 18,1%.
Contudo, no acumulado de 2010, o comércio eletrônico ainda é o setor com maior faturamento, registrando elevação de 22,6% contra 19,9% do segmento de eletrodomésticos e eletroeletrônicos. De acordo com o presidente do Conselho Superior de Tecnologia da Informação da Fecomercio, Renato Opice Blum, o nível de vendas destas atividades revela uma tendência, ao que tudo indica, irreversível. “O mercado digital já supera as vendas dos shoppings da Grande São Paulo”, comenta Blum, “e, em 2011, deve superar o rendimento das lojas de departamento de todo o País”.
Outra importante constatação da pesquisa apurada pela Fecomercio é que o ritmo de vendas do comércio está aquecido, mas já dá mostras de perda de fôlego. Se comparadas semestre a semestre, o ritmo de crescimento das vendas no setor apresenta uma clara desaceleração.
Carvalho destaca que, no 1º trimestre, as vendas cresceram ao redor de 7% em comparação com o mesmo período de 2009, no 2º, a alta foi de cerca de 6% e o 3° deve encerrar com impulso de aproximadamente 5%. “Embora seja prematuro afirmar que existe a tendência de perda da capacidade de consumo das famílias, é razoável considerar que, em algum momento, o atual ciclo de crescimento vai mostrar um acomodamento, ou mesmo uma reversão”, avalia o economista.
A Fecomercio aponta que, para a manutenção do grau de crescimento apresentado ao longo do ano, seria necessária a manutenção do nível de elevado de aumento na renda real, no surgimento de novos postos de emprego e nas facilidades de obtenção de crédito. Entretanto, a performance da economia brasileira levou ao quase esgotamento da capacidade ociosa, com padrões inéditos de contratação de mão de obra, na opinião de Carvalho, “um cenário que não tem como se sustentar de forma prolongada sem uma forte elevação nos níveis de investimentos”.
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 152 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 700 mil companhias e respondem por 11% do PIB paulista – aproximadamente 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.