Cenário internacional preocupa e economistas se mostram mais desconfiados quanto ao momento econômico atual. Segundo pesquisa que mede o Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia (ISE), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), a crise na Grécia foi um dos principais motivos para a queda de 6,7% no nível de confiança dos economistas em maio. Com a queda, o indicador, que em abril marcava 110 pontos, chegou aos 102,7 e encontra-se quase no limite entre otimismo e pessimismo.
Guilherme Dietze, assessor econômico da Fecomercio, explica que o ISE é medido em uma escala que varia de 0 à 200 pontos, sendo que acima de 100 denota otimismo. Dietze, também aponta que a percepção do momento atual foi a mais abalada pela crise grega. “A desconfiança quanto ao futuro também aumentou, mas os economistas permanecem otimistas neste ponto”, afirma. “No entanto, mostram-se pessimistas quanto ao momento atual.”
O item Cenário Internacional apresentou forte queda de 22% em relação a abril, saindo dos 157,9 pontos e parando nos 123,7. Isso porque, com os problemas na Grécia, as principais bolsas de valores também registraram desvalorização. “O mercado também está tenso a espera dos desdobramentos nas economias de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha, o que continua impactando negativamente a visão dos economistas”, explica Dietze.
Com a instabilidade no mercado financeiro, aumentou a volatilidade na Taxa de Câmbio, fazendo cair a confiança dos especialistas. “Apesar dos economistas estarem pessimistas quanto ao câmbio no momento atual, ainda vêem com otimismo a variação deste item para o futuro”, relata o assessor da Fecomercio.
Quanto ao mercado interno, uma das principais preocupações constatadas pelo ISE é o nível de Gastos Públicos assumidos pelo Estado. Em comparação com abril, a avaliação deste item caiu 25%, chegando aos 22,1 pontos. Dietze aponta que, para o momento atual, a percepção é ainda pior. “O indicador chegou aos 3,6 pontos. Uma queda de 73%. Para os próximos 12 meses, os economistas não estão tão descontentes, e o indicador registra 40,6 pontos” comenta.
Outro ponto com o qual os especialistas estão extremamente pessimistas é a taxa de juros, que teve retração de 16% em relação ao mês anterior, atingindo os 54,2 pontos. A inflação e a taxa de juros também apresentaram resultados negativos, apesar dos juros ainda não apresentarem uma séria preocupação para os economistas.
Já o Nível da Atividade Interna – PIB, o Nível de Emprego e os Salários Reais, com 167,1, 147,4 e 123,4 pontos, respectivamente, são os destaques positivos do ISE em maio. A percepção dos Salários Reais teve alta de 12%, tanto para o momento atual, quanto para o futuro, o que, segundo Dietze, representa um olhar mais cauteloso sobre os impactos que a inflação pode ter sobre a renda e o poder de aquisição dos trabalhadores.
Para o assessor da Fecomercio, o resultado do ISE, em maio, mostra uma avaliação mais realista do que a dos meses anteriores. “A perturbações no cenário internacional ainda têm dimensões indefinidas, o que justificam a queda no indicador”, ressalta Dietze. “Nos próximos meses, o humor dos especialistas em economia deve variar de acordo com os desdobramentos desta crise.”
Nota Metodológica
O Índice de Sentimento dos Especialistas em Economia – ISE é computado pela Fecomercio, em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil – OEB – desde junho de 2008. A pesquisa detecta as perspectivas dos economistas em relação às tendências da economia nacional e mundial. Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: percepção presente e expectativas futuras. O ISE varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Envolve pesquisa mensal com mais de 100 economistas renomados de todo País, por meio de metodologia similar àquela utilizada para a apuração do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), da Fecomercio.
Sobre a OEB
A Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), entidade civil cultural e de utilidade pública, criada em 1935, é a mais antiga representação dos economistas brasileiros. Voltada ao aprimoramento, atualização e prestígio da categoria profissional, promove cursos, palestras, workshops, sendo credenciada pelo Ministério da Educação para ministrar cursos de MBA lato sensu. Contribui com as faculdades de economia na adequação de estruturas curriculares às necessidades regionais e coopera com as organizações privadas e governamentais em assuntos correlatos ao campo das ciências econômicas.
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 152 sindicatos patronais, que abrangem mais de 600 mil companhias que respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.