O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,2% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior e de 8,9% comparativamente ao mesmo período do ano passado indica que o Banco Central deve, já na reunião de outubro, reiniciar o processo de cortes da Selic, de forma a não comprometer o bom momento econômico do País. Comprovadamente, a inflação segue em período de declínio e estabilidade e a manutenção dos juros em patamares superiores a dois dígitos gera um potencial comprometedor quanto ao futuro econômico do Brasil, sobretudo para 2011. “Evidentemente que se os gastos do governo fossem mais eficientes (menos gastos de custeio e mais investimentos), o País teria condições de crescer a um ritmo adequado por um período longo”, observa o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), Abram Szajman.
Com os resultados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento esperado para 2010 sobe de 7% para 7,5%. Para 2011, por efeito carry over (inércia econômica), a expansão esperada para o PIB é de pelo menos 4,5%. De qualquer maneira, se houver ganhos de eficiência no governo e a Selic for reduzida, o potencial de crescimento do País tende a ser muito maior, conforme mostram os números de consumo e principalmente de investimentos. Vale ressaltar que o investimento está diretamente ligado ao nível de confiança e demanda agregada e, ao mesmo tempo, é inversamente proporcional à carga tributária, à burocracia e aos juros.
Como fato positivo na análise do PIB, a Fecomercio destaca a expansão da Formação Bruta de Capital, de 26,5%. O Consumo das Famílias também cresceu de forma robusta (6,7%) e os gastos do governo cresceram 5,1%.
Ainda que nos últimos anos o País tenha crescido um pouco mais do que a média recente, o potencial e a necessidade de crescimento do Brasil são superiores aos 4% registrados em média. Nas economias dos demais países integrantes do BRIC, liderados por Índia e China, as taxas de crescimento variaram de 6% a 10% neste mesmo período – algo mais parecido com o desempenho brasileiro em 2010 do que com a média nacional dos últimos anos. “É possível, portanto, um crescimento mais robusto e próximo da necessidade do Brasil. Mas para isso o governo deve trabalhar em diferentes frentes, entre elas uma redução na carga tributária e o corte de juros a partir de outubro”, afirma Szajman. “Esse é o mínimo que podemos cobrar e esperar do governo, para que haja um impacto psicológico positivo no final do ano e a possibilidade de uma atividade econômica mais estável.”
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 152 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 700 mil companhias e respondem por 11% do PIB paulista – aproximadamente 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.