O Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) e o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) divulgaram em 21/07, em São Paulo, o novo Índice da Economia Subterrânea, que compreende toda a produção de bens e serviços deliberadamente não reportada aos governos. Graças ao aperfeiçoamento do índice, obtido a partir da inclusão de nova metodologia de apuração pela FGV, foi possível, pela primeira vez, conhecer o tamanho da economia subterrânea: R$ 578 bilhões em 2009, o que corresponde a 18,4% do PIB brasileiro.
“A nova forma de mensuração é, na realidade, uma evolução natural e necessária do índice e o torna muito mais preciso, ainda que, por conta da própria característica da matéria estudada, seja obtido em forma de estimativa”, explica Fernando de Holanda Barbosa Filho pesquisador do Ibre/FGV e responsável pelo estudo. Para ele, a obtenção desta estimativa é um excepcional avanço e responde a uma das principais questões, ou seja, medir o quanto se produz na economia subterrânea brasileira e comparar isso com outros indicadores, obtendo-se uma ordem de grandeza concreta.
O número divulgado hoje não deixa dúvidas quanto à dimensão atingida pela atividade subterrânea no Brasil. “Estamos falando de quase R$ 600 bilhões, que ficam à margem da economia formal brasileira. Para dar uma idéia da gravidade desse problema, basta lembrar que a economia subterrânea do Brasil supera toda a economia da Argentina”, ressalta André Franco Montoro Filho, diretor executivo do ETCO. Ele acredita que esse valor chamará mais atenção da opinião pública para o assunto e abrirá ainda mais espaço para a discussão sobre suas conseqüências para o País.
O estudo divulgado hoje permite ainda que seja feita a comparação dos valores desde o ano de 2003, quando foi iniciada a série de estimativas do índice. No período, os valores absolutos passaram de R$ 357 bilhões para os atuais R$ 578 bilhões. Como o PIB teve um crescimento de R$ 1.700 bilhões para R$ 3.143 bilhões, porcentualmente observa-se uma queda na comparação, de 21% para 18,4% em seis anos.
A informalidade, além de suas relações com o crime organizado e de precarizar as condições de trabalho, traz prejuízos diretos para a sociedade, cria um ambiente de transgressão, estimula o comportamento oportunista com queda na qualidade do investimento e redução do potencial de crescimento da economia brasileira. Além disso, provoca a redução de recursos governamentais destinados a programas de educação, saúde e infraestrutura.
Sobre o ETCO
Fundado em 2003, o Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial é uma organização da sociedade civil de interesse público -OSCIP- que congrega empresas e entidades empresariais não governamentais com o objetivo de promover a melhoria no ambiente de negócios e estimular ações que evitem desequilíbrios concorrenciais causados por evasão fiscal, informalidade, falsificação e outros desvios de conduta. Numa visão mais ampla, conscientizar a sociedade sobre os malefícios sociais de práticas não éticas e seus reflexos negativos para o crescimento do país. Adicionalmente propor e apoiar iniciativas que estimulem o comportamento ético na economia. Compõem o ETCO seis câmaras setoriais congregando empresas dos segmentos de tecnologia, medicamentos, combustíveis, fumo, cervejas e refrigerantes.