O mioma uterino é relativamente freqüente na idade adulta e uma das maiores causas de perda do útero. Os sintomas incluem dismenorréia (cólica menstrual), dispareunia (dor genital durante ou após o ato sexual), sensação de pressão na região pélvica, dores nas pernas e nas costas e constipação intestinal. A qualidade de vida é prejudicada ainda pelo excessivo fluxo menstrual (que obriga algumas mulheres a usarem até dois absorventes ao mesmo tempo), fortes dores na região pélvica e inchaços que não raro são confundidos com uma gravidez no início.
O tratamento clássico para o mioma, a histerectomia (procedimento cirúrgico para retirada do útero, que muitas vezes se estende também a ovários e trompas) significa para muitas mulheres comprometer sua identidade feminina e renunciar à maternidade. Só nos últimos cinco anos foram realizadas 576 mil histerectomias no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, uma média de 115 mil por ano.
Grande parte do público desconhece as alternativas à cirurgia, como a embolização, uma moderna técnica que requer apenas uma incisão do tamanho de uma ponta de caneta na virilha, com anestesia local, e que tem o objetivo de cortar o suprimento de sangue para o tumor, provocando a “morte” do mioma, sem prejuízos à saúde ? por oferecer uma recuperação mais rápida ? e, principalmente, à fertilidade da mulher. A técnica também é indicada para tratar tumores ósseos, de fígado, cânceres e aneurismas.
“A embolização, ou emboloterapia, é uma cirurgia minimamente invasiva e muito menos traumática que a convencional. Requer uma pequena incisão na virilha, por onde é introduzido o cateter, que é conduzido pelas artérias, visualizadas por meio de um equipamento computadorizado de raios X”, afirma o Dr. Néstor Kisilevzky, especialista em Radiologia Intervencionista, médico do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos maiores conhecedores da técnica na América Latina.
Quando se alcança as artérias uterinas que levam o sangue até o útero e os miomas, injetam-se partículas que entupirão essas artérias, impedindo os miomas de receberem sangue, regredindo rapidamente de tamanho. Ao fim do procedimento, simplesmente retira-se o cateter, sem a necessidade de pontos. “A paciente fica apenas 2 horas na sala de recuperação e pode voltar para casa em 24 horas, com o retorno às atividades normais até dez dias após a cirurgia”, conclui o médico.