O consumidor paulistano está menos confiante. É o que revela o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio). Em outubro, o ICC apresentou queda de 4,1% ao recuar de 161,1 pontos para 154,5.
Segundo avaliação de Thiago Freitas, assessor econômico da Fecomercio, a queda pode ser considerada um “ajuste técnico”, pois há meses o indicador tem se mantido em patamares muito elevados (acima de 155 pontos). De toda forma, alerta o economista, o ICC de outubro demonstra que os paulistanos permanecem otimistas, já que o índice é medido em uma escala que varia de 0 a 200 pontos e denota otimismo quando acima dos 100. “Embora o indicador tenha apresentado queda de 4,1% neste mês, é relevante enfatizar que o atual nível de confiança do índice, com 154,5 pontos, ainda demonstra a segurança que o consumidor vive em termos de emprego e renda em decorrência da estabilização do desemprego em baixos patamares e de aumentos reais das remunerações das pessoas ocupadas”, afirma.
Todos os quesitos que compõem o índice registraram queda em suas avaliações, como o Índice de Condições Econômicas Atuais (ICEA), que obteve um declínio de 4,9%, ao passar de 161,9 pontos, em setembro, para 153,9, em outubro; e o Índice de Expectativa do Consumidor (IEC), ao registrar recuo de 3,1%, ao ceder de 160,6 pontos para 154,9 pontos. Apesar da queda no nível de confiança, o ICC apresentou, entretanto, alguma estabilidade ao registrar variação de 0,2% comparativamente ao mesmo período do ano passado.
No resultado do ICEA, o segmento que mais contribuiu para a evolução desfavorável do indicador foi o dos consumidores com renda superior a 10 salários mínimos, o que resultou em uma baixa de 6,5%, atingindo 161,8 pontos. Já o IEC, que indica a percepção do consumidor em relação ao médio e longo prazo, destaca-se a perda de confiança daqueles consumidores com idade maior que 35 anos, que apresentou uma variação negativa de 6,4%, atingindo 149,4 pontos.
Nota Metodológica
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1994. Os dados são coletados junto a cerca de 2.100 consumidores no município de São Paulo. O objetivo da pesquisa é identificar o sentimento dos consumidores levando em conta suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à situação econômica futura.
Os dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade. O ICC varia de 0 (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição, além do índice geral, apresenta-se em: Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA) e Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa servem como um balizador para decisões de investimento e formação de estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento das empresas.
A metodologia do ICC foi desenvolvida com base no Consumer Confidence Index, índice norte-americano que surgiu em 1950 na Universidade de Michigan. No início da década de 90, a equipe econômica da Fecomercio adaptou a metodologia da pesquisa norte-americana à realidade brasileira. Atualmente, o índice da Federação é usado como referência nas reuniões do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), responsável pela definição da taxa de juros no país, a exemplo do que ocorre com o aproveitamento do CCI pelo Banco Central.
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 152 sindicatos patronais, que abrangem cerca de 700 mil companhias e respondem por 11% do PIB paulista – aproximadamente 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.