O ano começou com um aumento do custo de vida da classe média paulistana de 1,15% no mês de janeiro, acima da variação de 0,27% registrada em dezembro. Os dados são do Índice do Custo de Vida da Classe Média (ICVM), elaborado pela Fecomercio em parceria com a Ordem dos Economistas do Brasil (OEB), que abrange o consumidor com renda entre 5 e 15 salários mínimos. Na taxa acumulada de 12 meses, o ICVM atinge 4,63%.
O índice é composto por sete itens: Habitação (peso de 32,4%), Transportes (peso de 18,2%), Alimentação (17,8%), Despesas Pessoais (peso de 12,2%), Saúde (peso de 8%), Educação (peso de 6%) e Vestuário (peso de 5,4%). Destes, três foram os principais responsáveis pela alta em janeiro: Transportes, Alimentação e Educação.
O economista da Fecomercio, Gílson Garófalo explica que o aumento em janeiro de 13,74% na tarifa de ônibus na cidade de São Paulo, há três anos sem reajuste determinou a alta do grupo Transportes, atingindo 2,50% no mês passado ante 0,56% em dezembro de 2009.
Os combustíveis também contribuíram para a alta desse grupo em janeiro com elevação de 12,93% do etanol e de 1,11% da gasolina. No acumulado dos últimos 12 meses, os dois itens alcançam 35,27% e 2,96%, respectivamente. A escalada da relação de preço etanol/gasolina em janeiro supera o limite de até 70% que considera o etanol com vantagem financeira em relação à gasolina para usuários de veículos flex.
“Este marco é inédito desde 2003, início da consolidação dos veículos bicombustíveis no mercado nacional. A colheita da safra de cana de açúcar nos próximos meses, acerto na logística de distribuição do produto, redução de 25% para 20% na adição de etanol à gasolina e retração da demanda do etanol em decorrência da menor diferença entre os preços dos dois combustíveis são fatores que concorrem para o arrefecimento desta conjuntura”, explica o economista.
A alta de 4,56% dos preços dos produtos hortifrutigranjeiros, em virtude das chuvas constantes, pressionou a taxa de variação do grupo Alimentação que indicou elevação de 1,63% em janeiro ante a queda de 0,10% no mês anterior. As variações mensais e acumuladas referentes ao período de 12 meses foram: frutas (3,62% e 10,63%), legumes (3,74% e 12,19%), tubérculos (0,72% e 31,32%) verduras (16,14% e 33,72%) e ovos (-0,93% e -3,71%). Os preços dos produtos semielaborados cresceram em média 1,67% motivados, principalmente, pelo coxão mole (2,23%), leite longa vida (3,56%) e arroz (5,33%). Os produtos alimentares industrializados indicaram variação média de 0,38%. Já a alimentação consumida em restaurantes, lanchonetes e padarias encareceu 0,88% no mês passado.
O reajuste das mensalidades escolares típicos no início do ano, segundo Garófalo, refletiu no aumento do item Educação de 4,68% em janeiro, ante os 0,05% registrados em dezembro de 2009. O ensino fundamental, com alta de 6,88% foi o mais importante elemento para o resultado deste grupo. O curso pré-vestibular (8,31%) e o ensino de terceiro grau (2,89%) face à concorrência na rede de ensino superior privado também contribuíram para o resultado de janeiro. Os subgrupos Material escolar teve queda de -0,17% e Livros didáticos elevação de 1,32%.
As liquidações das peças de vestuário em janeiro e fevereiro, meses de oportunidade de compras neste segmento, contribuíram para o recuo de 0,70% de Vestuário no mês passado, ante a elevação de 0,62% alcançada em dezembro. As maiores quedas foram em Roupa feminina (-1,29%), Roupa masculina (-0,31%), Roupa infantil (-1,12%) e Calçados e acessórios de vestuário (-0,60).
O grupo Despesas Pessoais mostrou crescimento de 0,72% em janeiro, variação maior que a atingida em dezembro, de 0,66%. “No período de férias escolares, os gastos com lazer exercem forças para impulsionar esse item”, explica Garófalo. As principais elevações foram em viagem de excursão (1,29%), clube (6,84%), academia de ginástica (2,49%), atividade esportiva (2,54%), parque de diversão (5,59%), cinema (2%) e brinquedo (1,57%). Em janeiro, época de calor, também estimula o consumo de bebidas. O refrigerante subiu de 1,75% (8,15% em 12 meses) e a cerveja, 0,58% (10,18% em 12 meses).
No mês de janeiro de 2010, Saúde teve variação média de 0,32%. Os Planos de saúde subiram 0,43% no mês e agregou 7,19% em 12 meses. Os preços dos Serviços médicos e laboratoriais aumentaram, em média, 0,72%, com destaque de 1,43% para a consulta médica e totaliza 7,81% nos últimos 12 meses até janeiro de 2010. Já os preços do subgrupo Remédios e produtos farmacêuticos caíram em média 0,21%, porém de fevereiro de 2009 a janeiro de 2010 acumula 6,83%.
Já os componentes do grupo Habitação apresentaram variação média de 0,17% em janeiro. Os subgrupos Manutenção do domicílio (0,17%), Aluguel de imóvel (0,16%) e Equipamentos residenciais (0,21%) determinaram o índice deste grupo.
Nota Metodológica
O cálculo do ICVM feito em parceria OEB/Fecomercio válido para o município de São Paulo, tem a estrutura de ponderação baseada na Pesquisa de Orçamentos Familiares de 1998/1999, efetuada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – FIPE. A faixa de renda abrangida compreende o intervalo entre 5 e 15 salários mínimos (base) paulista (ou R$ 2.525,00 e R$ 7.575,00). A metodologia compara os preços médios do mês atual com os preços médios do mês imediatamente anterior. Portanto, é importante ressaltar o fato do ICVM não retratar a variação de preços do primeiro ao último dia do mês.
Sobre a Fecomercio
A Fecomercio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Representa empresas e congrega 152 sindicatos patronais, que abrangem mais de 600 mil companhias e respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.
Sobre a OEB
A Ordem dos Economistas do Brasil – OEB, entidade civil cultural e de utilidade pública, criada em 1935, é a mais antiga representação dos economistas brasileiros. Voltada ao aprimoramento, atualização e prestígio da categoria profissional, promove cursos, palestras, workshops, sendo credenciada pelo Ministério da Educação para ministrar cursos de MBA “lato sensu”. Contribui com as faculdades de economia na adequação de estruturas curriculares às necessidades regionais e coopera com as organizações privadas e governamentais em assuntos correlatos ao campo das ciências econômicas.