A preocupação com as queimadas em Rondônia aumenta na proporção em que se intensificam os problemas de saúde e a visibilidade diminui nas cidades. O agravante é que o trimestre (agosto-setembro-outubro) que historicamente concentra mais de 90% das queimadas em Rondônia apenas começou. Mesmo assim, o ano de 2010 já rompeu a tendência de queda nos focos de calor no estado, que vinha sendo registrada há quatro anos, segundo os relatórios anuais do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam). Os altos índices de fogo chegaram antes, já em julho, e se continuarem nesse ritmo, confirmarão o ano como o que mais queimou desde o trágico 2005.
O alerta é válido para que população e autoridades procurem frear o fenômeno antes da chegada de setembro, mês que costuma concentrar mais da metade das queimadas de um ano. Com esse intuito, o Comitê estadual de prevenção e combate aos incêndios florestais organizou a Operação Labareda que, a partir dessa semana, aumentou o contingente de combatentes aos principais focos do estado. “São mais de cem pessoas concentradas no combate aos incêndios em Cujubim, Buritis e União Bandeirantes, localidades que mais estão produzindo fumaça, de acordo com os dados do Inpe compilados pelo Sipam”, explica o coronel Genival dos Santos Silva, coordenador do comitê. Capitaneada pelo Corpo de Bombeiros, a operação envolve mais de dez órgãos de diferentes esferas governamentais.
Também atento à situação está o Ministério Público do estado, que tem recebido boletins do Sipam para acompanhar a evolução dos focos de calor e a influência da Meteorologia.
Condições climáticas desfavoráveis
A batalha contra o fogo é possível, mas dificultada pelos fatores meteorológicos. A massa de ar seco tem se mantido forte sobre o estado, elevando constantemente as temperaturas para acima de 35°C e abaixado a umidade do ar em até 15% na região central. Os ventos também aumentam a dispersão do fogo e, durante essa semana, ainda trouxeram a fumaça do Mato Grosso e do Pará. Entretanto, para os próximos dias, o vento muda de direção e soprará de Nordeste-Norte, trazendo do sul do Amazonas mais umidade e menos fumaça.
Quanto à ausência de chuvas, a intensificação do fenômeno La Niña e o aquecimento anormal do mar do Caribe prometem prolongar a estiagem em Rondônia. “Somente em outubro as chuvas voltam a acontecer com certa frequência, o que colocaria o trimestre como um todo com chuvas abaixo da normalidade”, explica o meteorologista Luiz Alves. Frente aos empecilhos naturais, é preciso que todos se conscientizem, evitando dar início a qualquer foco de fogo e denunciando a prática, que é ilegal tanto na cidade quanto no campo.