Com vantagens e indicações específicas, a opção deve levar em conta a saúde da mãe e do bebê
À medida que se aproxima a data de nascimento do bebê, crescem as dúvidas das gestantes sobre o tipo de parto. O parto natural, como o próprio nome diz, segue as leis da natureza, com um mínimo de intervenções, trazendo uma série de benefícios para a mulher e especialmente para o bebê. A mãe se restabelece mais rápido, recebendo alta logo após as recomendáveis 48 horas, e reduzindo consideravelmente o risco de dificuldades respiratórias na criança. A amamentação também é beneficiada devido à ausência de dor da mãe no pós-parto.
Já na cesariana, por ser uma cirurgia, os riscos de complicações são maiores. Hemorragia, infecção e outras intercorrências ocorrem com muito maior frequência, afirma dr. Corintio Mariani Neto, presidente da Comissão de Aleitamento Materno da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Além disso, se tudo ocorrer bem, a alta é prevista para no mínimo 72 horas após o parto, ou seja, pelo menos um dia a mais do que o parto normal.
No entanto, a decisão da via de parto não cabe apenas à mãe ou ao médico que acompanha a gestante no pré-natal, deve ser discutida e avaliada segundo diversas variáveis. Um exemplo é a identificação, durante o pré-natal, nos exames de rotina, como o ultrassom, ou mesmo durante o trabalho de parto, de algo que possa comprometer o nascimento natural. Mas são casos específicos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a via abdominal não deve ultrapassar 15% dos partos.
Contudo, no Brasil, os números são bastante diferentes, principalmente no sistema privado de saúde, no qual a taxa chega a quase 90%. “Se a gente levar em conta a medicina de consultório e de convênio, nós temos cerca de 80% a 90% de cesariana, sendo a maioria fora do trabalho de parto. As cesarianas têm sido marcadas antes que a mulher entre em trabalho de parto, sem a chance de saber se o parto poderia ser normal”, relata o dr. Corintio.
Sobretudo nas grandes capitais, mulheres independentes, que trabalham fora, bastante esclarecidas, muitas vezes escolhem a cesariana por motivos infundados, como medo de sentir dor ou pela praticidade de saber de antemão data e horário do nascimento. Enquanto isso, no SUS, a taxa de cesarianas está em torno de 30%.
Segundo dr. Corintio, “a mulher que tem um plano de saúde, a priori, tem melhores condições globais, sócio-econômicas, culturais e de saúde. Mesmo realizando mais consultas pré-natais e tendo maior acesso à informação, acaba optando pela cesárea”.
Parto em casa
Em países considerados desenvolvidos, com alta rentabilidade e população instruída, como a Holanda, a prevalência do parto natural é evidente, inclusive o domiciliar, que chega a 35%. Embora o ambiente familiar traga maior tranquilidade para a mulher, ele não é o mais indicado para o parto. Este procedimento deve ser realizado em ambiente hospitalar, com disponibilidade de UTIs e de recursos tecnológicos, ainda que a primeira opção seja o parto normal, pois intercorrências como a necessidade de realização de uma cirurgia de emergência ou de atendimento ao recém-nascido não estão descartadas. Nestes casos, a demora para chegar a um hospital pode ser decisiva para a saúde da mãe e do bebê.
Além disso, a área de obstetrícia vem inovando, e são cada vez mais comuns as maternidades com suítes de parto, LDR (Labor and Delivery Room), que conciliam o conforto de uma casa com a credibilidade de um hospital. No Brasil, é possível ter acesso a estas facilidades nas principais maternidades do país.