Mulheres que estão insatisfeitas com o tamanho ou tiveram alterações na forma de suas mamas, em decorrência da idade, genética, gravidez, alterações no peso, exposição ao sol e gravidade, podem obter mamas mais firmes e atraentes com a mamoplastia de aumento que, atualmente, representa 21% das intervenções estéticas e ocupa o primeiro lugar no ranking de cirurgias plásticas no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
No procedimento de aumento de mamas, existem três técnicas cirúrgicas para a inclusão da prótese: via periareolar, inframamária e axilar, sendo esta última a que apresenta resultados estéticos significativos. “Com uma incisão de aproximadamente 3 cm, consegue-se colocar a prótese adequadamente. Em alguns casos, há a necessidade de aparelhos especiais, como videoendoscopia. No protocolo da minha equipe, utilizo uma alternativa técnica de colocação da prótese pela incisão axilar e em posição subfascial, porque diminui os incômodos no pós-operatório e o risco de deslocamento, se comparada com as outras técnicas, como a submuscular”, descreve o Dr. Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555), cirurgião plástico com mestrado e doutorado em Cirurgia Plástica na área de Cirurgia Mamária pela Faculdade de Medicina da USP, e Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP).
Em entrevista, o especialista relata mais detalhes sobre o assunto, esclarece porque a técnica que ainda é pouco utilizada pelos cirurgiões plásticos brasileiros, suas vantagens e em quais casos ela é indicada. Acompanhe.
1.O que é uma prótese anatômica?
Os implantes mamários de última geração chamados anatômicos ou em formato de gota apresentam como característica a maior projeção na região central-inferior e menor projeção na parte superior. Desta forma consegue-se um maior aumento na região central da mama e menor na região do colo, configurando desta forma um formato mais natural e com menor tendência aos formatos circulares, característica dos implantes redondos de maior volume e com perfil alto. São habitualmente indicadas para mulheres que desejam maiores aumentos, porém querem ainda manter um formato mais natural (não-redondo). Estes modelos, também com conformação “form-stable”, fato este que diminui a possibilidade de ondulamentos, apresentam uma boa indicação em mulheres muito magras ou mesmo atletas, nas quais os resultados respeitam a anatomia da mama. Atualmente, estamos na 5ª. geração de próteses, com uma amplitude muito variada de sub-modelos que diferem quanto à largura, altura e projeção. Desta forma, permite-se uma maior opção de escolha para diferentes pacientes .
Implante anatômico “form-stable” de última geração com diferentes projeções, larguras e alturas.
2.A colocação da prótese anatômica via axilar é um procedimento que oferece melhor resultado estético? Por que?
Como qualquer técnica ou procedimento, o uso do implante anatômico pela via axilar apresenta indicações e limitações. Em algumas mulheres e a depender da anatomia local e características do organismo, como formato e posição da mama, a associação da via axilar e do implante anatômico apresentam benefícios, quando comparada com as técnicas tradicionais. A via axilar apresenta, como grande vantagem, a ausência de cicatrizes na mama, uma vez que toda a incisão fica oculta, na região da axila. Normalmente, com uma incisão de aproximadamente 3 cm, consegue-se colocar a prótese adequadamente. Em alguns casos, há a necessidade de aparelhos especiais, como videoendoscopia. No protocolo da minha equipe, utilizo uma alternativa técnica de colocação da prótese pela incisão axilar e em posição subfascial, fato este que diminui os incômodos no pós-operatório e o risco de deslocamento, se comparada com as outras técnicas, como a submuscular. Na indicação do implante anatômico por meio da via axilar consegue-se resultados mais naturais, principalmente na região do colo, além dos benefícios com a ausência de cicatriz na região da mama. Os resultados estéticos têm sido significativos.
3.Somente a prótese anatômica deve ser colocada via axilar?
De maneira geral, qualquer tipo de implante pode ser colocado pela via axilar, seja ele redondo ou anatômico. No emprego do implante anatômico existe uma maior complexidade no seu posicionamento, porém na nossa experiência os resultados são seguros e previsíveis desde que a técnica seja aplicada corretamente. De maneira geral e compartilhada com vários cirurgiões que a utilizam de rotina, não é o tipo de implante que contra-indica a via de acesso a ser utilizada. Outros fatores, como a anatomia da axila, o formato e a posição da mama devem ser considerados para a colocação ou não da prótese via axilar.
4.Tecnicamente, por que ela é uma técnica mais difícil de ser executada? Por que poucos cirurgiões plásticos realizam este procedimento?
A técnica via axilar foi desenvolvida em meados da década de 70, porém na época se utilizava o plano submuscular total e com incisões maiores e cicatrizes mais perceptíveis. Este fato levava a resultados mais limitados e com possibilidade de deslocamento da prótese e assimetrias. Desta forma, e frente a complicações decorrentes desta experiência inicial, alguns cirurgiões criaram limitações para sua maior difusão. Como ocorre na evolução da prática cirúrgica e em qualquer outra técnica, muito se evoluiu e aprimorou nos últimos 40 anos. No final da década 90, com o maior refinamento da técnica por meio da associação com a endoscopia, além do melhor conhecimento da anatomia local, o procedimento via axilar teve um maior avanço e maior difusão no meio médico. Todavia, e comparando a via axilar com os demais procedimentos, a técnica apresenta ainda maior complexidade, requer treinamento específico e necessita de materiais especiais. Desta forma, não são todos os cirurgiões plásticos que a realizam e, portanto, apresenta uma menor indicação quando comparada às técnicas areolares e a infra-mamária. Atualmente, com a via axilar consegue-se cicatrizes menores (2,5 a 4 cm) e posicionadas dentro da prega axilar, fato este que permite melhores resultados e com cicatrizes imperceptíveis com o passar do tempo. Com a utilização, seja de videoendoscopia ou de instrumentos especiais, é possível realizar o plano subfascial com maior precisão e menor risco de deslocamento da prótese. Como não há manipulação da musculatura peitoral, a cirurgia e a anestesia são mais leves, pós-operatório mais confortável e com retorno mais precoce para as atividades habituais.
5.Quais as vantagens que via axilar apresenta para a colocação da prótese anatômica?
O grande benefício está relacionado com a posição final da cicatriz e a possibilidade de ausência de incisões/cicatrizes na região da mama. Outra vantagem são os benefícios estéticos nas mulheres que apresentam mamas muito pequenas, como nos quadro severos de amastia (completa ausência da glândula mamária), onde não há definição do sulco inframamário. Nesta situação, a indicação da técnica inframamária pode apresentar resultados mais limitados uma vez que existe uma dificuldade no correto posicionamento da cicatriz final. Após a colocação do implante, há ainda a possibilidade de a cicatriz permanecer fora do sulco inframamário, já que este não se apresentava com clara definição no pré-operatório. Não raro observamos nestes casos de inframamária, a presença da cicatriz acima do sulco, ou seja, na região da mama ou mesmo abaixo do sulco e em posição mais visível quando a mulher está com sutiã ou biquini. Com a técnica axilar e, como não há qualquer incisão na região da mama e, sobretudo, do sulco inframamário, consegue-se o melhor posicionamento do sulco e melhores resultados sem a presença da cicatriz.
6.Qual o melhor local para alojar a prótese (muscular ou subsfacial), pela via axilar?
A indicação do plano de colocação da prótese depende muito da anatomia de cada paciente. Em pacientes muito magras, e com mamas muito pequenas onde existe uma insuficiência de tecido glandular e adiposo (gordura) na região peitoral, o plano submuscular apresenta maiores benefícios estéticos uma vez que permite uma melhor cobertura da prótese e, portanto resultados mais naturais. Todavia, a cirurgia é um pouco mais extensa e o pós-operatório mais prolongado e com mais restrições no tempo de retorno para as atividades físicas. Já a técnica subfascial permite uma menor manipulação da região muscular e, por conseqüência, um pós-operatório mais confortável e com retorno mais precoce para as atividades habituais. Em pacientes que não apresentam uma grande insuficiência tecidual local, é bem indicada e com resultados muito satisfatórios. Desta forma a avaliação física e a ponderação destas vantagens e desvantagens são fundamentais na indicação de cada técnica.
7.Das cirurgias plásticas para colocação de prótese, quantas são realizadas via axilar?
No Brasil, a cirurgia de prótese de mama é uma das cirurgias estéticas mais realizadas. Em relação às diferentes opções de técnicas, a via axilar é a terceira mais indicada e representa aproximadamente 10% de todas as cirurgias de mamoplastia de aumento.
8.Em quais casos deve-se optar pela colocação da prótese via axilar?
Habitualmente e desde que a paciente não apresente contra-indicação técnica para o procedimento, a sua indicação é uma questão mais relacionada à preferência pessoal quanto à localização da cicatriz final. Deve-se salientar que mulheres que apresentam as mamas com grau moderado/severo de flacidez ou mesmo a presença de ptose (queda) da mama em intensidade mais acentuada não são boas candidatas para a técnica axilar. Esta via de acesso permite apenas o tratamento do volume e correções de flacidez/ptose em grau mais leves. Nestas situações mais intensas, as técnicas areolares ou mesmo a areolar com componente vertical apresenta resultados estéticos superiores, uma vez que permitem o tratamento do excedente de pele e a correção da ptose, características estas que a técnica axilar não permite corrigir de maneira adequada.
9.O tempo de recuperação da paciente é igual quando a prótese é colocada por outra técnica?
Em mais de 10 anos realizando as diferentes técnicas, não observamos diferenças significativas em relação ao período do pós-operatório e o tempo de recuperação. Os cuidados e as restrições são semelhantes entre as três técnicas.
10.Quais as vantagens e desvantagens desta técnica?
As vantagens estão relacionadas à completa ausência de cicatriz na região da mama e a possibilidade do uso de próteses de maior volume e projeção, porém sem perder as características de naturalidade e harmonia dos seios. Em pacientes com mamas muito pequenas e sem definição de sulco inframamário, a técnica ainda é mais vantajosa do ponto de vista estético quando comparado com a técnica inframamária pela ausência de cicatriz nesta região. Todavia, em pacientes com ptose de mama ou mesmo em casos de flacidez mais intensa, a técnica axilar apresenta algumas limitações, porque não permite a correção do excedente de pele.
11.Pode ser utilizada para qualquer tamanho de prótese?
Do ponto de vista técnico não há limitações quanto ao volume do implante, porque permite a mesma amplitude de acesso cirúrgico que as demais técnicas.
Perfil
Alexandre Mendonça Munhoz (CRM-SP 81.555) – Cirurgião Plástico
Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e residência médica em cirurgia geral e plástica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Com Mestrado e Doutorado em Cirurgia Plástica na área de Cirurgia Mamária pela Faculdade de Medicina da USP, Dr. Munhoz é Membro Especialista e Titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e membro Consultor do corpo de revisores internacionais das revistas americanas Annals of Plastic Surgery e Plastic Reconstructive Surgery. Além disso, o especialista participa do corpo clínico dos Hospitais Sírio-Libanês, Albert Einstein, Oswaldo Cruz e São Luiz. O cirurgião também foi Coordenador do Grupo de Reconstrução Mamária do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no período 2000-2009.
Com uma intensa atuação acadêmica, Dr. Alexandre possui 92 trabalhos científicos publicados em jornais e revistas científicas do meio médico, sendo que 50 estudos estão indexados no www.pubmed.com (site da biblioteca médica norte-americana). O especialista já escreveu 26 capítulos de livros, sendo que 8 deles integram livros internacionais. (www.protesedemama.blogspot.com.)