Reajuste da aposentadoria – o clima esquentou em Brasília nesta quarta-feira (14/04). Na tentativa de construir um acordo sólido para o reajuste dos aposentados e colocar um ponto final neste novela, onze deputados e seis senadores se reuniram no gabinete das lideranças do PDT. A reunião foi articulada pela COBAP, conjuntamente com o deputado federal Paulinho Pereira.
“Estamos reunidos para encontrar um número que seja respeitado e homologado pela Câmara e pelo Senado”, disse o deputado Dagoberto, líder do PDT do Mato Grosso do Sul.
“Não dá mais para empurrar com a barriga. Chegar de ficar protelando”, desabafou o senador Paulo Paim (PT). Segundo Paim, a ordem é convencer o Vaccarezza para aprovar os 7,7% e dialogar com o presidente Lula para sensibilizá-lo a sancionar este percentual. A mesma posição é defendida pelo deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, que também insiste no reajuste de 7,7%.
O senador Mário Couto afirmou que os números são claros e certamente não irão quebrar o governo, nem enfraquecer seus cofres. “Eu rogo mais uma vez que resolvam a situação dos aposentados, pelo amor de Deus”, apelou Mário Couto.
Indignados com a indefinição do reajuste na Câmara dos Deputados, os senadores começaram a obstruir as votações. Segundo eles, nenhum projeto será votado no Senado enquanto o reajuste dos aposentados não for apreciado pela Câmara.
Durante a reunião, sentindo-se acuado, o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT), atacou a COBAP, acusando as entidades de aposentados de estarem denigrindo sua imagem. Sem levar desaforo para casa, o presidente Warley Martins respondeu a tentativa de intimidação: “Deputado Vaccarezza, é engraçado como seu discurso mudou. Lembro que quando o senhor era oposição cansou de atacar os deputados da situação que votavam contra os trabalhadores. Agora tudo mudou. A COBAP não tem rabo preso com ninguém. Mostrar a verdade ao povo brasileiro é nosso direito e nossa obrigação, doa a quem doer”, declarou Warley.
Encerrada a troca de farpas, a discussão prosseguiu. Todos, exceto Vaccarezza, concordaram com o reajuste retroativo de 7,7%. Foi acordado (inclusive pelo líder do governo) que essa emenda seja votada no dia 14 ou 27 de abril. Porém, na sessão ordinária desta quarta-feira, Vaccarezza articulou e a votação do reajuste não ocorreu.
A votação foi protelada para 27 de abril, numa terça-feira. Se aprovada, irá para apreciação certa do Senado Federal.
Horas após a reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que vai esperar o Congresso Nacional votar o reajuste para os aposentados que ganham acima do salário mínimo para depois avaliar se veta a proposta. “Vou esperar votar e chegar na minha mesa para tomar a decisão do que fazer”, afirmou o presidente. No entanto, ele frisou que vai procurar saber em que condições a matéria foi votada, além de avaliar se a presidência tem condições de sustentar o percentual de 7,7%. “Longe de mim fazer injustiça para os aposentados brasileiros. Só que tenho que levar em conta a disponibilidade do dinheiro, que é do próprio trabalhador”, ressaltou Lula.
Cobap – Aposentados 14/04/2010 | Por Richard Casal