O Simpósio Internacional “Por Uma Agência Brasileira da Cannabis Medicinal?”, que está sendo realizado entre hoje a amanhã (17 e 18 de maio) pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), foi aberto nesta segunda-feira com apresentação de estudos que têm sido realizados com a cannabis para fins medicinais desde que seu princípio ativo foi isolado, na década de 60. Entre os pontos de debate, Ethan B. Russo, da University of Washington (EUA), chamou a atenção para a ausência de agências reguladoras em todo o mundo que façam o controle da aplicação desses estudos.
O primeiro medicamento à base de cannabis aprovado e disponível no mercado desde 2005 é o canadense Sativex, produzido pela GW Pharmaceuticals, que hoje é importado por 28 países, embora a maioria deles não tenha uma agência reguladora que normatize sua aplicação e os estudos científicos sobre o assunto. O Sativex é produzido a partir de um extrato da cannabis e com indicações para esclerose múltipla, artrite reumatóide, síndrome metabólica, epilepsia e câncer da próstata, entre outros.
No Brasil, coordenados por A.W. Zuardi, hoje ligado à Universidade de São Paulo (USP) desde a década de 90 os estudos apontam resultados positivamente significativos considerando-se os efeitos anti-epiléticos, sedativos e até antipissicóticos e neuromotor em casos de tratamentos para doença de Parkinson, do princípio ativo canabidiol. A partir de estudos de casos, foi possível observar que o canabidiol poderia, no mínimo, potencializar os efeitos das medicações normalmente aplicadas como anti-epiléticos. E, principalmente, obsrvou-se que o canabidiol é uma droga bem tolerada pelos pacientes, sem grandes efeitos colaterais.
O potencial terapêutico da Cannabis já é explorado em diversos países, como: EUA, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça, Israel e Austrália, entre outros. As principais indicações são para conter náuseas e vômitos causados pelos anticancerígenos, caquexia (enfraquecimento extremo) aidética e cancerígena, dores crônicas neuro e miopáticas como ocorrem na esclerose múltipla, glaucoma, entre outras patologias.
A Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda aos países a criação de uma Agência Nacional da Cannabis Medicinal para aprovar e controlar adequadamente o uso terapêutico da maconha e seus derivados, incluindo a importação e/ou cultivo da planta e de medicamentos a base de canabinóides, bem como as diretrizes políticas e de conduta relacionadas ao uso medicinal da maconha. “É importante salientar também que o evento não visa promover o debate sobre o uso recreacional da planta, nem tampouco a legalização deste tipo de uso. O foco das discussões será pautado em dados científicos sobre o potencial terapêutico da planta e seus benefícios para o tratamento de patologias”, afirma Elisaldo Carlini, professor especialista da UNIFESP em psicofarmacologia, diretor do CEBRID e presidente do Simpósio.