Muitos pais se perguntam por que o filho aparenta estar sempre “doentinho” no outono e inverno. Será que as crianças realmente sofrem mais os efeitos do clima frio e tempo seco? De acordo com adra. Marina Buarque de Almeida, diretora do departamento de pediatria da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), os problemas começam porque estas estações são de sazonalidade dos vírus respiratórios, fazendo com que eles circulem mais. Ao mesmo tempo, as pessoas tendem a se aglomerar em ambientes fechados por causa do frio, o que facilita a propagação dos vírus.
Neste contexto, quanto mais nova a criança, mais imunoinexperiente ela é, pois não teve contato suficiente com os agentes infecciosos presentes no ar para criar anticorpos suficientes. Também por conta disso, os sintomas de doenças respiratórias são mais exuberantes em crianças menores, especialmente se frequentam ambientes fechados com outras crianças pequenas, como escolinhas, creches ou berçários, que facilitam a propagação de vírus
Cuidados
Quando a criança contrai alguma doença respiratória, o ideal é que fique em casa e não vá à escola, creche ou outro lugar com aglomeração de pessoas, como supermercados e shoppings. “Ela deve permanecer em repouso, fazer uma dieta balanceada, rica em líquidos, e só voltar à coletividade quando já estiver bem”, recomenda dra. Marina. Isto serve principalmente para crianças menores de quatro anos, nas quais um simples resfriado pode significar noites mal dormidas por conta da obstrução das vias respiratórias, o famoso “nariz entupido”.
Mesmo dentro de casa, há riscos que podem ser evitados, como a fumaça do cigarro – que está presente no ambiente mesmo que o fumante só fume no quintal ou na varanda -, cheiros e odores fortes – como perfumes, incensos, produtos de limpeza como desinfetantes e amaciantede roupas, ou desodorizadores de ambiente que estão na moda, incluindo aqueles usados nos carros.
A limpeza dos ambientes, aliás, deve receber especial atenção, evitando o acúmulo de pó, pelos de animais, penas de aves, baratas, ácaro, bolor, mofo e fungo.
“Para quem tem bebês em casa, é fundamental estar atento. A demora para perceber a dificuldade para respirar do pequeno pode gerar problemas graves”, alerta dra. Marina.
Quanto aos umidificadores de ar, a especialista afirma que podem ser usados somente se a umidade relativa do ar estiver baixa. “Umidificar em excesso também não é bom, porque os fungos se proliferam. Eles também são prejudiciais ao trato respiratório”.
Perigos
Infelizmente, não são todas as mamães e papais que podem deixar que o filho fique em casa quando ele está adoentado, resfriado ou gripado. “O complicado dessa história é que o vírus já fez um estrago nos mecanismos de defesa, lesando o epitélio respiratório. Se a criança continua indo à escolinha fragilizada, ela vai pegar uma infecção atrás da outra”, explica a especialista.Este ciclo pode acarretar em uma infecção bacteriana de maior gravidade.
A doença que mais merece atenção é a bronquiolite, pois o vírus que causa a bronquiolite nos pequenos causa apenas sintomas de resfriadosnos adultos e crianças maiores. Porém, os menores – especialmente abaixo de dois anos – entram em fadiga respiratória com mais facilidade e podem evoluir facilmente para falência respiratória. Por isso é importante que pessoas com sintomas de resfriado não tenham contato com crianças menores.