Com a proximidade do Carnaval, blocos de rua, ensaios de escolas de samba e trios elétricos já concentram milhares de foliões. Para não deixar a alegria desafinar, é preciso tomar alguns cuidados que ajudem a garantir um carnaval sem lembranças – ou “heranças” – desagradáveis. No quesito saúde, estar com as vacinas em dia já é um ótimo começo. “Elas protegem de doenças de fácil transmissão pelo beijo, aperto de mão ou contato sexual, e também de outras que estão controladas no Brasil, mas que podem ser transmitidas por turistas estrangeiros, como o sarampo, por exemplo”, explica a médica Flávia Bravo, coordenadora do Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi). Conheça outras dicas da especialista para o Carnaval.
Suor e desidratação
No verão, a temperatura sobe ainda mais nos cordões de foliões. Alegria e samba, axé, frevo e outros ritmos aumentam o gasto energético e o corpo perde muita água e sais minerais pelo suor. Por isso, uma boa dica é levar uma garrafinha de água à tira-colo. Sucos naturais, água-de-coco e isotônicos também são ótimas opções para repor o líquido perdido. E para quem consome bebidas alcoólicas, é preciso redobrar a atenção. A ingestão de álcool deve ser intercalada com a de água, o que mantém a pessoa hidratada e ajuda a evitar a ressaca. “Mas evite consumir bebidas armazenadas em isopores sujos, com gelo não filtrado. Ambos podem ser veículos de transmissão para a leptospirose e para o vírus da hepatite A”, frisa a médica.
Alimentação
Na maioria das cidades brasileiras, o Carnaval é comemorado 24 horas por dia. Com tantas opções, muitos foliões não fazem intervalos regulares para realizar as refeições. O descuido pode gerar fraqueza e, junto com o desgaste físico, debilitar o organismo. Para quem não quer perder tempo, mas também não quer abrir mão da saúde, uma alternativa é caprichar no café da manhã. “Uma refeição bem equilibrada e nutritiva, com proteínas, carboidratos, suco e leite antes da folia garante energia para o dia e também ajuda a evitar as consequências do consumo de álcool ”, orienta Flávia.
Para os momentos de folia, a médica indica barrinhas de cereais, saladas de fruta e sanduíches naturais que são opções de lanches bem leves. Porém, cuidado com a procedência dos alimentos manipulados. Na hora de comer na rua, atenção às condições de higiene. Quando a fome bate, aquela barraquinha da esquina pode parecer o melhor restaurante do mundo. Mas lembre-se que alimentos preparados ou conservados em condições inadequadas de higiene podem oferecer grandes riscos à saúde. Hepatite A,gastroenterites, toxoplasmose, verminose e leptospirose estão entre algumas das consequências.
Pés protegidos
Garrafas de vidro e latas de bebidas descartadas indevidamente oferecem risco de tétano. A médica Flávia alerta para o risco de as pessoas brincarem o Carnaval descalças e destaca a importância de manterem em dia a vacina contra o tétano, que exige dose de reforço a cada 10 anos. Uma opção é a vacina tríplice bacteriana, que além do tétano protege contra difteria e coqueluche.
Segurança no sexo vai além da camisinha
Corpos à mostra, alegria em alta e excesso de bebidas alcoólicas. Em meio a tantos estímulos é difícil segurar a libido. Por isso, durante o Carnaval, aumenta o número de relações sexuais desprotegidas. Estudo internacional realizado em 2010 mostrou que quase metade dos jovens sexualmente ativos praticam relações sexuais sem utilizar métodos contraceptivos, incluindo, claro, a camisinha.
“O uso do preservativo é essencial. Ele previne a AIDs, hepatites, e outras doenças sexualmente transmissíveis. Mas, a falta de cuidados na hora de guardar a camisinha ou no momento de colocá-la pode causar pequenas fissuras e aí a prevenção fica comprometida. Neste caso, é recomendado, principalmente para os jovens, tomar vacinas que protegem de doenças relacionadas ao ato sexual”, indica a médica. A vacina do HPV, por exemplo, é fundamental porque o contágio pelo vírus do papiloma humano pode acontecer mesmo quando há uso de preservativo. Se a parte da pele não coberta pela camisinha estiver infectada, há chances de contágio. A imunização contra Hepatite B também é importante, já que a doença é transmitida por sangue contaminado e é cerca de 100 vezes mais contagiosa que a AIDS.
Como neurose não combina com Carnaval, as vacinas continuam sendo a forma mais eficaz de combater pelo menos as doenças imunopreveníveis. Nos casos em que não há esta possibilidade, vale uma boa dose de informação, bom senso e de cuidado redobrado, lançando mão de todos os recursos disponíveis. Afinal, o que todos queremos é somar muitos e muitos carnavais.
Flávia Bravo – coordenadora do CBMEVi / CRM: 5249728-9
Centro Brasileiro de Medicina do Viajante (CBMEVi)
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