Levantamentos preliminares do Ministério da Saúde, e publicadas no estudo Saúde Brasil 2010, comprovam impacto significativo das vacinas contra a Influenza A (H1N1) e anti-pneumocócica na redução de internações por pneumonia nos hospitais do Sistema Único de Saúde. A avaliação foi feita em dez municípios: São Paulo, Salvador, Recife, Curitiba, Goiânia, Fortaleza, Manaus, Brasília, Belo Horizonte e Porto Alegre, e considerando dois períodos – de 2005 a 2008 e os anos de 2009 e 2010 (antes e depois da pandemia de influenza). Em 2010, a vacina pneumocócica conjugada foi introduzida no calendário básico de imunização infantil (menores de 2 anos) e o Brasil vacinou mais de 88 milhões de pessoas contra a influenza H1N1.
Neste ano, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação contra i nfluenza. Além de idosos e populações indígenas, atendidos desde 1999, passaram a ser imunizadas crianças entre seis meses e dois anos, gestantes e profissionais da saúde.
As pneumonias são responsáveis por altas taxas de internações e mortalidade, especialmente entre crianças menores de cinco anos. Cerca de 15 milhões de crianças são hospitalizadas por ano, por pneumonia, em países em desenvolvimento. A doença figura como uma das principais causas de mortalidade infantil e das principais causas de morte prevenível por vacinação em crianças sendo responsável por cerca de 20% dos 8,8 milhões de óbitos anuais em todo o mundo. O pneumococo contribui com percentual entre 60% e 75% das pneumonias bacterianas.
A pneumonia é uma importante causa de hospitalização no SUS. Em 2009, o número de hospitalizações por pneumonia no Brasil cresceu cerca de 20% – em maio deste ano foi notificado o primeiro caso de H1N1. O monitoramento das internações por influenza e pneumonia é um dos componentes do Sistema de Vigilância Epidemiológica da Influenza no Brasil que tem como objetivo avaliar a tendência desse problema e identificar eventuais mudanças no seu padrão de ocorrência.
A queda no número de hospitalizações por pneumonia após a campanha de vacinação contra a Influenza H1N1 e a introdução da vacina anti-pneumocócica na rotina de vacinação das crianças, ambas em 2010, pode ser observada na tabela abaixo. Em todos os municípios estudados, as maiores coberturas para a vacina H1N1 foram em menores de 2 anos, seguida dos adultos jovens (20 a 39 anos). O maior impacto na redução de hospitalizações por pneumonia em menores de 2 anos foi em Curitiba (redução de 34%) onde ambas as vacinas apresentaram as maiores coberturas vacinais.
INTERNAÇÕES – A redução de internações por pneumonia observada na faixa etária de 6 meses a menores de 2 anos provavelmente está associado às duas vacinas (anti-pneumocócica e contra a influenza H1N1). Como dito anteriormente, a maior redução foi observada em Curitiba, seguida por Fortaleza (31,1%), Goiânia (29,9%), Recife (21,7) e Porto Alegre (19,5%). As demais faixas etárias receberam apenas a vacina contra a influenza H1N1. Na faixa etária que vai de 2 a 4 anos a maior redução também foi em Curitiba (23%) coincidindo com a maior cobertura vacinal, seguida de Fortaleza (20,3%), Recife (19%) e Goiânia (7,2%). Os adultos jovens (20 a 29 e 30 a 39 anos) também foram vacinados contra influenza H1N1, era o grupo mais afetado pela gripe pandêmica. Na faixa etária de 20 a 29 anos a maior redução foi em Rec ife (52%), seguida de Curitiba (46,9%), Goiânia (45,5%) e São Paulo (37%). A redução entre os adultos de 30 a 39 anos foi maior em Recife (34,3%), seguida por Fortaleza (33%) e Curitiba (31,7%). As outras faixas etárias não faziam parte do público-alvo prioritário, foram vacinados apenas em situações especiais – obesidade mórbida, doença crônica, doença respiratória, entre outras.
CONCLUSÃO – O estudo comprova, embora curto espaço de tempo, o rápido impacto das duas vacinas nas internações no ano de 2010. A comprovação atesta o que já foi observado em outros países onde a vacina anti-pneumocócica foi introduzida no calendário vacinal. O estudo brasileiro de avaliação do impacto das duas vacinas continuará, ampliando o período observado e as técnicas estatísticas, com isso, a expectativa é de que as avaliações sejam mais precisas e aprofundadas com um período maior de seguimento sobre impacto das vacinas na redução das internações por pneumonia.