Comprar no varejo ficou mais caro nos últimos 12 meses, é o que revela o Índice de Preços no Varejo (IPV) apurado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio). De acordo com o resultado, o indicador registra elevação de 5,18% no intervalo, além da alta acumulada de 1,93% neste ano e variação de -0,02% no mês de julho.
Mesmo ao registrar sete recuos consecutivos, o preço das carnes em Açougues assinala aumento de 17,71% nos últimos 12 meses. O setor já indica que o desempenho de queda influenciado pela desaceleração das exportações deve acabar em breve. Em julho, o setor apresenta queda de 0,54% após a retração de 2,90% detectada em junho com destaque para as variações das carnes de aves (-0,59%), bovinas (-0,58%) e suínas (0,18%). Inclusive, neste ano, o setor acumula queda de 9,98% nos preços.
Em 12 meses, o segmento de Combustíveis e Lubrificantes teve alta de 12,48%. Apenas neste ano, o acumulado atinge 6,96% e mesmo em um período de safra da cana-de-açúcar, o preço desses produtos demonstra elevação de 0,17% em julho. O resultado aponta que o descompasso entre a oferta escassa e a demanda impulsionada pelo aumento da frota de veículos flex ainda refletem nos preços desses componentes.
Comprar nas Padarias também ficou mais caro. Segundo o resultado do IPV, o setor assinala impulso de 9,32% no intervalo dos últimos 12 meses. Até o sétimo mês de 2011, o acumulado atinge 4,30%. Já entre junho e julho a variação foi de 0,54%, alavancada, sobretudo, pelo impacto do preço de frios e laticínios (1,26%). Devido ao período de entressafra, os preços dos derivados devem convergir para cima, uma vez que a estiagem e as geadas prejudicam o pasto e a produtividade do leite.
Ao longo dos últimos 12 meses os preços dos produtos comercializados em Feiras indicam elevação de 8,04% e de 2,35% no acumulado deste ano. Entretanto, os preços do grupo completam cinco meses com variações negativas nos preços. Em julho, o indicador recuou 2,05%, puxado pela variação das verduras (-6,83%), legumes (-4,44%) e frutas (-0,16%). A retração assinalada em julho demonstra que, após as instabilidades climáticas nos primeiros meses do ano, os produtos in natura mantêm trajetória de realinhamento dos preços.
Em direção oposta, o setor de Eletroeletrônicos completa a marca de 21 quedas consecutivas e, nos últimos 12 meses, tem redução de 9,85%. A valorização do real frente ao dólar é o principal responsável pela redução nos preços, uma vez que os insumos importados utilizados na cadeia produtiva de bens duráveis também ficaram mais baratos. No acumulado de 2011, o segmento apresenta retrações de 5,26% e 1,76% no mês de julho. As principais variações registradas no sétimo mês do ano foram telefonia (-2,16%), produtos de imagem e som (-1,75%) e informática (-1,61%).
Para a Assessoria Técnica da Fecomercio, os preços no varejo iniciaram o segundo semestre em patamares comedidos. Cabe ressaltar que o cenário pode ser alterado caso as pressões verificadas nas commodities persistam. O desequilíbrio entre a oferta e demanda pelo etanol pode causar impactos nos preços, sobretudo se houver instabilidades climáticas nas lavouras e a necessidade de importação do produto. Por fim, o cenário econômico após os desdobramentos da crise econômica internacional podem provocar retração na demanda dos mercados mundiais.
Nota Metodológica
O Índice de Preços no Varejo (IPV) é apurado mensalmente pela Fecomercio desde 1992, tendo sido atualizado periodicamente de forma a se manter moderno e adequado ao perfil do varejo. Os dados são coletados junto a cerca de 2.000 estabelecimentos comerciais no município de São Paulo, contemplando 21 segmentos varejistas e 450 subitens pesquisados. A pesquisa conta com uma amostra mensal de aproximadamente 105 mil tomadas de preços. O indicador tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no comércio varejista em seus vários ramos de atividade. Os resultados obtidos, de forma bastante ampla e precisa, são úteis para o acompanhamento da variação de preços ao longo do tempo em diferentes setores do varejo, além de permitir a análise da evolução dos custos ao consumidor de acordo com o tipo específico de consumo. Permite também à indústria conhecer a evolução dos preços praticados no varejo, auxiliando na determinação de margens adequadas para a formação do preço de venda.
Sobre a Fecomercio
A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) é a principal entidade sindical paulista dos setores de comércio e serviços. Responsável por administrar, no Estado, o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), representa um segmento da economia que mobiliza mais de 1,8 milhão de atividades empresariais de todos os portes e congrega 152 sindicatos patronais que respondem por 11% do PIB paulista – cerca de 4% do PIB brasileiro – gerando em torno de cinco milhões de empregos.