Hoje em dia, são realizados no país os transplantes unilateral, bilateral e coração-pulmão. No primeiro caso, apenas um pulmão é transplantado; no segundo caso, ambos os órgãos são transplantados no mesmo ato cirúrgico, em sequência. O transplante coração-pulmão, menos frequente, é realizado em casos de doença cardíaca associada à pulmonar.
Estes procedimentos podem ser a única saída para uma série de doenças graves. “As principais indicações são para pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC, decorrente do tabagismo, que em um número significativo de pacientes evolui para a perda progressiva da função pulmonar; fibrose pulmonar idiopática, igualmente mais comum em fumantes, que ocorre principalmente em homens na terceira idade, levando a progressiva dificuldade em promover a troca de oxigênio; fibrose cística, doença genética cujo tratamento vem levando ao prolongamento da vida de muitas crianças, que atingem a idade adulta e são encaminhados para serem transplantados, e a hipertensão arterial pulmonar, doença pouco comum e grave, que leva ao aumento progressivo da pressão nas artérias do pulmão”, explica a dra. Valeria.
Qualquer que seja a técnica, o fato de receber um órgão estranho leva o receptor à necessidade permanente de medicação imunossupressora para prevenir a rejeição do órgão transplantado. O uso de imunossupressores, por sua vez, predispõe à ocorrência de diversas infecções, alerta a especialista. “O paciente deverá, portanto, receber acompanhamento médico frequente por no mínimo um ano após a cirurgia e, a partir daí, as consulta serão regulares, conforme orientação médica”.
Principais progressos
Ainda há muito que crescer nesta área, relata a médica. “Depois de progressos como a evolução do transplante bilateral em algumas patologias, que aumentou a taxa de sobrevida dos pacientes, o aumento na qualidade da solução para perfusão, os progressos na antibioticoterapia e atualmente a técnica ex-vivo para a recuperação dos pulmões, ainda temos que melhorar as drogas imunossupressoras, para que sejam menos lesivas ao rim. Também é necessário intensificar as pesquisas e condutas que visam o suporte do paciente crítico fora de possibilidade terapêutica e potencial doador”, alerta a dra. Valéria.
Como encontrar um doador
O transplante de pulmão é autorizado e custeado pelo Ministério da Saúde, sendo realizado na rede pública de saúde. “Há três grupos de transplantes, com listas de espera individuais: uma no Rio Grande do Sul, outra em São Paulo e a terceira em Minas Gerais. As listas no sul e em São Paulo tendem a ser maiores, pelo fato dos grupos também serem maiores e mais estabelecidos. Em Belo Horizonte, por exemplo, há atualmente dez candidatos na lista de espera”, revela a especialista.
Este número, no entanto, pode significar um período muito grande de espera, pois doadores com pulmões viáveis para transplante são difíceis.