Agência FAPESP – O Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), concluiu o novo ranking de incidência de raios nos municípios pertencentes aos estados cobertos pela Rede Brasileira de Detecção de Descargas Atmosféricas no biênio 2009-2010.
De acordo com o Elat, os dados reforçam pesquisas anteriores que indicam que grandes centros urbanos tendem a intensificar a ocorrência de tempestades.
Para toda a área monitorada, que engloba os estados do Sul, Sudeste e parte do Centro-Oeste do país, a incidência de raios no último biênio se manteve estável em relação aos biênios anteriores, com variações inferiores a 5%. Entretanto, considerando somente as cidades acima de 200 mil habitantes – que possuem maior urbanização – houve um aumento de 11% em relação à média dos dois últimos biênios.
“Tanto essas cidades têm mais tempestades, quanto elas estão, também, cada vez mais intensas, e a urbanização pode ser apontada como uma das principais responsáveis”, disse o coordenador do Elat, Osmar Pinto Júnior.
Os resultados apontam que, em 2009-2010, os dez municípios com maior incidência estão localizados na região metropolitana de São Paulo e no sul do estado do Rio de Janeiro – com exceção de Belford Roxo.
“A presença das cidades do sul do Rio de Janeiro entre os dez municípios de maior incidência de raios se deve às características locais de relevo”, explicou Pinto Júnior.
A cidade fluminense de Porto Real aparece em primeiro lugar no ranking geral, com uma densidade de 27 raios por quilômetro quadrado por ano, seguida por São Caetano do Sul, em São Paulo, com 23 raios por quilômetro quadrado por ano.
“A ocorrência de tempestades possui uma variação espacial muito grande e, por isso, municípios menores têm maior chance de apresentar altos valores de densidade”, afirmou o pesquisador.
Em cidades grandes – com mais de 900 km2 – o máximo de aumento registrado foi de 97%. Já os municípios menores do que 100 km2 sofreram aumentos de densidade que chegaram a 320% no último biênio quando comparado com a média dos dois anos anteriores. Em São Paulo, o aumento foi de 42%.
O novo ranking foi feito com base em dados corrigidos pelo modelo de eficiência da rede denominado MED4, recém-desenvolvido pelo grupo, que é um dos mais precisos existentes no mundo para correção de dados de redes de detecção. O MED4 permite corrigir diariamente os dados da rede em função da intensidade das descargas que ocorrem numa determinada região.
O modelo é mais robusto que as versões anteriores utilizadas nos rankings de 2005-2006 e 2007-2008. “Os novos dados de densidade de raios são ainda mais confiáveis com o uso do modelo desenvolvido pelo Elat”, disse Pinto Júnior.
De acordo com ele, os resultados encontrados podem contribuir diretamente com a prevenção e proteção, assim como gerar informações úteis para o setor elétrico e, consequentemente, para a sociedade.
O novo ranking está disponível em www.inpe.br/elat, no link “Ranking de Municípios”.