O governador Geraldo Alckmin e o secretário da Saúde, Giovanni Guido Cerri, entregaram nesta quinta-feira, 14, na capital, o maior laboratório destinado a pesquisas sobre o câncer da América Latina. O Centro de Investigação Translacional em Oncologia do Icesp será a unidade coordenadora de uma rede composta por 20 grupos que atuam em pesquisa básica e aplicada em oncologia. O investimento foi de R$ 2 milhões.
Em uma área de 2 mil metros quadrados, equivalente a um andar inteiro do Icesp, o local irá funcionar como uma espécie de superlaboratório, com plataformas multiusuários. A área integrará especialidades como epidemiologia, genética molecular, biologia celular, biologia molecular, virologia e engenharia genética, processamento de amostras (Biobanco de Tumores), laboratório de Expressão Gênica e Seqüenciamento e patologia molecular.
“É muito importante (a inauguração deste laboratório) porque nós temos hoje três grandes causas de doença e de mortalidade no Brasil e em São Paulo: coração, câncer e acidentes. E o câncer é uma doença curável, desde que diagnosticada precocemente e tratada corretamente”, disse Alckmin.
Com o novo centro será possível otimizar recursos, sistematizar a coleta, realizar o processamento de amostras e testes e acelerar a difusão dos resultados obtidos nas diversas frentes de pesquisa, que atualmente estão espalhadas em importantes instituições como o Hospital das Clínicas, Incor, Faculdade de Medicina da USP, Hospital A.C. Camargo, dentre outras.
Além de coordenar e centralizar essa rede de pesquisadores, o Icesp irá disponibilizar equipamentos e serviços comuns a todos esses grupos. No total, serão cerca de 40 profissionais e mais de 130 alunos de pós-graduação beneficiados.
Os equipamentos também são de ponta, e incluem microscópios a laser, sequenciadores de DNA, separadores de células e ambientes para cultivo de células e produção de DNA recombinante e vírus recombinantes. A outra novidade será a implantação de um banco de amostras biológicas, com fragmentos de tumores congelados, amostras de sangue, RNA, DNA e proteínas coletadas dos pacientes.
O local atenderá programas de pesquisas clínicas, oncologia molecular (que estuda, por exemplo, novos marcadores para diagnóstico de tumores), inovações terapêuticas e, posteriormente, medicina regenerativa aplicada à oncologia.
“Trata-se de um verdadeiro salto de qualidade na produção de conhecimento científico, na busca incessante de informação sobre o comportamento dos tumores e de novas formas de tratamento da doença”, destacou o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri.
Os projetos de pesquisa que serão priorizados pelo Centro se dividem em quatro etapas. O primeiro é o Programa de Pesquisas Clínicas, que inclui estudos de novas formas para prevenir, diagnosticar ou tratar o câncer. Já o segundo, denominado Programa de Oncologia Molecular, se refere a estudos que vão do diagnóstico até as mais recentes inovações no campo molecular, como novos marcadores para diagnóstico de tumores, diagnóstico molecular por imagem e outros.
Com a nova unidade, o Icesp passa a ser o ponto central de uma grande rede que reunirá todos os pesquisadores em câncer que hoje atuam em diversos locais. “Este centro permitirá testar com mais velocidade os avanços que forem surgindo na área de pesquisa oncológica. Com plataformas de alta tecnologia, iremos sistematizar o processamento de informações”, disse o diretor-geral do Instituto do Câncer, Paulo M. Hoff.
Ultrassom
O Icesp também irá disponibilizar aos pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) um equipamento ultrapotente que destrói tumores. Trata-se do High Intense Focus Ultrassound (Hifu), uma tecnologia inovadora resultante da fusão do ultrassom de alta intensidade com a ressonância magnética.
“Esse laboratório que está sendo inaugurado é o maior laboratório da América Latina em pesquisa de câncer. E o Hifu – o equipamento que também esta sendo inaugurado – ele não é só para diagnóstico, mas ele trata, por exemplo: mioma, aqueles tumores de útero; evita a cirurgia, ele faz o tratamento com o aparelho. Metástases ósseas: ele faz o tratamento inclusive indolor, porque metástase de osso dói muito o tratamento. E você tem uma eficiência muito grande. Então diria que é um grande ganho”, declarou Alckmin.
Pioneiro na América do Sul, o novo procedimento será utilizado, inicialmente, para tratar miomas e metástases ósseas, mas a ideia é ampliar seu uso para outras áreas da oncologia. O investimento para aquisição do equipamento foi de R$ 1,5 milhão.
O Hifu concentra até mil feixes de energia ultrassônica com extrema precisão em um tumor no interior do corpo. Cada feixe passa através do corpo sem causar lesão, mas, quando convergem para o ponto selecionado, elevam a temperatura nesse local. A ressonância magnética serve para localizar e direcionar essa energia precisamente no tumor, de forma interativa e em tempo real, fornecendo imediata confirmação da eficácia da terapia.
“Trata-se da democratização de um grande avanço científico, agora disponível aos pacientes do SUS, além de uma excelente oportunidade para avançarmos significativamente no desenvolvimento de terapias minimamente invasivas na oncologia”, afirmou o secretário Guido Cerri.
O aparelho permitirá investigar novas terapias que, aliando o ultrassom à ressonância magnética, viabilizarão o tratamento de tumores sem a necessidade da realização de cortes e cirurgia ou de internação. Por não ser invasivo, o método, que dura aproximadamente duas horas, permite que o paciente realize o procedimento consciente, permanecendo acordado e podendo voltar para casa no mesmo dia.
Além disso, estão sendo desenvolvidos no Icesp tratamentos que possibilitam a liberação de drogas quimioterápicas, em que nanopartículas com elevadas concentrações de medicamentos (o que pode ser altamente tóxico ao organismo, inviabilizando sua aplicação intravenosa), são injetadas e liberadas apenas no tumor, a partir do calor produzido pelo aparelho.
Os pacientes que se beneficiarão da novidade integrarão os protocolos de pesquisa clínica do Icesp. Além de esta ser uma novidade na área oncológica, a aquisição do equipamento estabelece inúmeras possibilidades e caminhos no ambiente de pesquisa. Isto representa um grande avanço não apenas para os pacientes do SUS, como também para a instituição, que se reafirma como referência na área de investigação e tratamento do câncer. Ganha, também, o país, que passa a ser reconhecido por sua produção científica e desenvolvimento de novos protocolos e tratamentos.
Da Secretaria da Saúde