Brasília – A alta da inflação em abril foi influenciada por fatores sazonais e não deve se repetir nos próximos meses, avaliou hoje (9) o professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Robson Gonçalves. Segundo ele, a aceleração do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi episódica e não é suficiente para ameaçar a trajetória do indicador, que continua a cair no acumulado em 12 meses.
Segundo o professor, a alta de 0,64% no IPCA em abril foi provocada, principalmente, por reajustes que não ocorrerão nos próximos meses, como remédios e cigarros. “O importante é que a inflação caiu na comparação com abril do ano passado como no acumulado em 12 meses, não a variação em relação ao mês anterior, que é afetada por fatores sazonais”, destacou.
Gonçalves acredita que a inflação continuará a cair gradualmente nos próximos meses. De acordo com ele, a desaceleração da atividade no Brasil e o cenário econômico no exterior impedirão uma eventual disparada do IPCA até o fim do ano.
“Com a produção se desacelerando, a criação de empregos caindo e a pressão da inadimplência das famílias, que ainda estão renegociando e quitando dívidas, há pouco espaço para aumento de preços”, avalia o professor. Ele acrescenta que a desaceleração da China não deixará o preço das commodities (bens agrícolas e minerais com cotação internacional) subir, como ocorreu no fim de 2010 e início do ano passado.
O economista admitiu que alguns fatores externos podem pressionar a inflação nos próximos meses, mas em grau insuficiente para interromper a trajetória de queda. “A alta do dólar, que saltou de R$ 1,60 para R$ 1,90, poderá influenciar o IPCA em alguns meses, mas o repasse deve ser pontual“, disse. Para ele, um eventual reajuste da gasolina será adiado ao máximo, diluindo o impacto na inflação final de 2012. “Se o reajuste ocorrer, o governo deve jogar o aumento para o segundo semestre, amenizando o efeito sobre o índice.
Wellton Máximo
Repórter da Agência Brasil
Edição: Lana Cristina