Porto Alegre – Reunidos durante o Fórum Social Temático, representantes dos comitês populares das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 condenaram a remoção de famílias pobres de locais que serão destinados a obras para o evento esportivo. A estimativa é que cerca de 150 mil pessoas sejam removidas.
Em dezembro, a Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa entregou aos governos estaduais e municipais envolvidos no processo um dossiê com casos de violação de direitos humanos em obras urbanas para a Copa do Mundo de 2014.
Segundo a representante do Comitê Popular da Copa de Porto Alegre (RS), Cláudia Fávoro, o momento, agora, é de definir estratégias para barrar a aprovação da Lei Geral da Copa. “Queremos pautar de que forma essa lei incide sobre a soberania do Estado brasileiro, sobre as populações, sobre os direitos já conquistados pelo povo brasileiro. Vamos instaurar uma campanha e seguir com um calendário que vai se estender, pelo menos, até a Rio+20”, disse.
Ela citou casos como o de uma cadeirante que morava no centro de Porto Alegre e foi removida para uma moradia sem adaptações para pessoas com deficiência física. O dossiê lista também o banimento de carroceiros e o que chama de “privatização do lixo”. Nos próximos meses, o documento será desmembrado em temas específicos e, posteriormente, encaminhado para a Organização das Nações Unidas (ONU).
O representante do Comitê Popular da Copa de Curitiba (PR), Thiago Hoshino, explicou que megaeventos esportivos deixaram uma espécie de “rastro de violação de direitos” em cidades como Pequim, na China. Lá, dados não oficiais indicam que pelo menos 1,2 milhão de pessoas foram removidas para a execução de obras. “É um processo de higienização social, de limpeza da cidade, de maquiagem urbana para a recepção de turistas”, avaliou.
Paula Laboissière
Enviada Especial
Edição: Lílian Beraldo