Mulheres acima dos 60 anos têm apresentado maiores probabilidades de problemas ósseos, como fraturas, osteoporose, entre outras doenças, devido à ingestão insuficiente de nutrientes adequados. É o que constatou estudo realizado pela Faculdade de Medicina da Unesp, Câmpus de Botucatu, que relacionou a falta dessas substâncias na dieta em pessoas idosas.
De autoria da pesquisadora Silvia Andrea Destefani, a análise mostrou ainda que a qualidade da dieta e perfil da ingestão alimentar e de vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) também não estão adequados nessa faixa etária. Tais substâncias são essenciais para a visão, ossos e dentes, absorção de cálcio, inibição de doenças cardiovasculares e formação de radicais livres; além de agirem na coagulação de ferimentos, aumento da quantidade de plaquetas, formação dos cabelos e serem antioxidantes.
Ao todo, 118 mulheres acima dos 60 anos e atendidas pelo Programa Municipal de Atendimento ao Idoso (Promai) de Bauru, no interior paulista, participaram da análise. As avaliações abrangeram desde dados socioeconômicos, culturais, antropométricos a estado de saúde das pacientes. As questões tiveram auxílio do Inquérito Recordatório 24 horas (método de investigação de consumo alimentar) com intervalos de 30 dias entre cada aplicação.
Através do indicador foram obtidos dados para avaliação da qualidade da dieta e comparados com recomendações do Guia Alimentar da População Brasileira. Também foi aferido o Índice de Massa Corporal (IMC) nessa população. Foi constatado que as mulheres participantes apresentavam sobrepeso e havia queixa sobre o sistema osteomuscular.
A qualidade da dieta foi classificada como necessitando de melhorias em 50,8% dos casos avaliados ou de má qualidade (49,2%). Essas mulheres ainda apresentaram ingestão suficiente dos grupos de carnes, ovos, óleos, gorduras e sementes. Frutas, legumes e verduras, laticínios e cereais apresentaram níveis insatisfatórios, conforme a análise.
Segundo Silvia, essa relação entre o consumo inadequado pode desencadear nessa população problemas crônicos na parte osteomuscular, com prevalência para a osteoporose e também a fragilidade dos ossos. Para ela, é urgente que o sistema público de saúde se atente para a realidade já que pessoas com 65 anos ou mais correspondem a 78,4% da população brasileira, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“Há a necessidade da elaboração de um plano de ações, por parte da saúde pública do município, para elaborar estratégias com o objetivo de conscientizar este segmento populacional sobre esta condição e da necessidade de mudanças no hábito alimentar”, ressaltou a pesquisadora.
Flávio Fogueral, do Jornal da Faculdade de Medicina