Pesquisa realizada na Unesp (Universidade Estadual Paulista), câmpus de Rio Claro, conclui que a prática de exercícios físicos apenas na idade adulta não previne a prevalência de dislipidemia, doença que provoca alteração dos níveis de gordura no sangue – triglicérides, o LDL (“colesterol ruim”) e o HDL (o “bom”) – e atinge cerca de 16% da população brasileira.
A dislipidemia pode ser causada por diversos fatores como alimentação rica em gorduras, altos valores de IMC na infância e adolescência ou disfunções de ordem genética, sendo as mulheres após a menopausa mais propensas a esse distúrbio.
Os pesquisadores entrevistaram 2.720 adultos, em oito cidades do Estado de São Paulo (Presidente Prudente, Bauru, Guaratinguetá, Registro, Santos, São José do Rio Preto, Rio Claro e capital). Os entrevistados foram questionados sobre a prática de atividades físicas na infância (7 a 10 anos), adolescência (11 a 17 anos) e idade adulta, e se haviam recebido o resultado de “colesterol alto”, “baixo colesterol bom” ou “alto colesterol ruim” no último exame de sangue.
Com base nas respostas, constatou-se que a falta de exercícios na infância e na adolescência foi associada a um maior número de quadros de dislipidemia na idade adulta. Além disso, notou-se que, em adultos que já sofrem da doença e não têm histórico de práticas esportivas, começar a prática de alguma atividade leve após o diagnóstico não determina melhora da doença.
De acordo com a orientadora do estudo, Angelina Zanesco, professora do Instituto de Biociências em Rio Claro, para que a atividade física tenha resultados expressivos no controle da dislipidemia, é necessário que um educador físico prescreva uma série de exercícios de alto impacto. “Quando você pensa em problemas da saúde cardiovascular, como a hipertensão, a caminhada é uma grande aliada. No caso da dislipidemia, para que o quadro apresente alguma melhora, além da medicação prescrita pelo médico, é necessário que se realize exercício combinado, com atividades aeróbias e de musculação, por um mínimo de 3 meses a 6 meses”.
Ainda assim, a professora destaca que, embora os exercícios físicos possam ajudar no controle dos lipídeos no sangue, o paciente não deixará de sofrer da doença, nem de tomar os medicamentos receitados.
O estudo foi realizado por Rômulo Araújo Fernandes, em seu doutorado e resultou no artigo “Prevalência de Dislipidemia em indivíduos fisicamente ativos durante a infância, adolescência e idade adulta”, premiado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), no VII Prêmio ABC de Publicação Científica, como o melhor artigo original.