No Dia Mundial de Luta contra o Câncer (8/4) é importante destacar a prevenção do tipo que está entre os mais comuns no sexo feminino: o câncer de colo do útero. Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) apontam que em 2012, no Brasil, devem ocorrer 17.540 casos novos desse tipo de tumor, com um risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres. O percentual de novos casos é de 9,3%, com taxa bruta de 17,49. Já nas capitais são esperados 5.050 casos com uma taxa bruta de 21,72. Os números preocupantes reforçam a importância de lembrar que a prevenção deste tipo de câncer pode ser feita com cuidados simples, entre os quais a vacinação. “Muitas pessoas ainda não sabem que o câncer de colo de útero está relacionado como o vírus do papiloma humano (HPV), transmissível sexualmente e presente na maior parte das lesões pré-cancerígenas.
As vacinas aprovadas pelo Ministério da Saúde para uso no Brasil previnem os principais tipos de HPV associados a esse câncer e às verrugas genitais e são recomendadas para mulheres entre 9 e 26 anos”, explica Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Isabella Ballai, presidente da regional Rio de Janeiro da SBIm, acrescenta que as vacinas oferecem taxa de soroconversão (capacidade de gerar produção de anticorpos e proteção) que chega a 99%. “São eficazes na prevenção, mas é importante saber que elas não têm ação de tratamento e não previnem todas as infecções causadas por todos os tipos HPV e nem outras doenças sexualmente transmissíveis”, orienta a médica. “Por isso”, enfatiza Ballalai, “a vacinação, apesar de essencial, não elimina a necessidade de as mulheres realizarem anualmente o exame preventivo Papanicolau, nem dispensa o uso de preservativo durante a relação sexual”.
HPV em homens – de olho na vacinação deles
Cerca de 1% dos homens e mulheres norte-americanos sexualmente ativos (1 milhão de pessoas, aproximadamente) teve verrugas genitais visíveis em algum momento da vida. Com o objetivo de ampliar a prevenção, o Ministério da Saúde aprovou a indicação da vacina quadrivalente contra o HPV para homens de 9 a 26 anos. Estudos indicam que ela pode proteger também contra o câncer de pênis e ânus.
Hepatite B e a prevenção do câncer de fígado
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, cerca de 50% dos pacientes com carcinoma hepatocelular, o tumor maligno primário mais comum no fígado, apresentam cirrose hepática, que pode estar associada à hepatite crônica. “A vacina contra a hepatite B, doença transmissível sexualmente e também pelo sangue contaminado, tem grande impacto na redução da incidência desse tipo de câncer”, destaca a presidente da SBIm-RJ, Isabella Ballalai.
Sobre as vacinas
HPV- A vacina bivalente contra HPV protege dos tipos 16 e 18, causadores de 70% dos cânceres de colo de útero. Está indicada para mulheres. Já a vacina quadrivalente protege dos tipos 16 e 18 e também dos tipos de HPV 6 e 11. Estes, são responsáveis por 90% das verrugas genitais. Ambas oferecem proteção adicional contra outros tipos causadores de cerca de 10% dos cânceres do colo de útero.
Hepatite B– A vacina está disponível gratuitamente nos postos de saúde para homens e mulheres com até 29 anos. Pessoas acima dessa idade e não vacinadas – ou que não sabem se já receberam a vacina – podem ser vacinadas em clínicas privadas. São necessárias três doses para o desenvolvimento de proteção eficiente contra o vírus. Cerca de 90% dos recém-nascidos com vírus da hepatite B desenvolvem a forma crônica da doença. Por essa razão, é importante que os casais estejam vacinados contra a doença antes que ocorra a gestação. No bebê, a vacina deve ser aplicada preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento.
O câncer no mundo
O câncer é um problema de saúde pública mundial. São esperados um total de 257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino. De acordo com o Inca, a maior parte do ônus global do câncer pode ser observada em países em desenvolvimento, principalmente aqueles com poucos e médios recursos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, no ano 2030, devem ser registrados 27 milhões de casos de câncer, 17 milhões de mortes e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com algum tipo dessa doença. O maior efeito desse aumento vai incidir em países de baixa e média renda, dizem os especialistas.
Segundo dados do INCA, em países com grande volume de recursos financeiros, predominam os cânceres de pulmão, mama, próstata e cólon. Em países com menor recurso, os cânceres predominantes são os de estômago, fígado, cavidade oral e colo do útero. Outro dado é que se vem observando um aumento progressivo nos cânceres de pulmão, mama e cólon e reto.
Prevenção
“A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) orienta os médicos que conversem com seus pacientes – ou os responsáveis por eles – sobre a importância da vacinação”, enfatiza Renato Kfouri, presidente da SBIm. Ele lembra que tanto o HPV como a hepatite B são transmissíveis sexualmente e quanto mais cedo ocorrer a vacinação, menor será o risco de infecção pelos vírus que causam as duas doenças. Como reforço para a preocupação, o médico destaca a pesquisa da Unesco que mostra que dois em cada três brasileiros fazem sexo antes dos 16.
Para Isabella Ballalai, presidente da SBIm-RJ, ao vacinar os filhos contra o HPV, os pais ensinam a importância de exercer a sexualidade com responsabilidade. A preocupação tem procedência. De acordo com estudos de acompanhamento de adolescentes, um ano após o início da atividade sexual, 20% a 30% das meninas já apresentam alguma lesão causada pelo HPV no colo do útero. “Por isso, o ideal é vacinar antes do início da vida sexual”, orienta.
No site da SBIm é possível acessar os calendários de vacinação da criança/adolescente, do adulto, da mulher, do idoso e também o calendário de vacinação ocupacional. Eles contemplam todas as vacinas disponíveis e indicadas pelo Ministério da Saúde e pelas diversas entidades médicas, como as sociedades de pediatria e também as de ginecologia e obstetrícia, por exemplo. Basta acessar sbim.org.br (seção Calendários de Vacinação)
Prevenção além da vacina
A vacinação é a forma mais eficiente de prevenção dos vírus da hepatite B e dos tipos de HPV mais frequentemente associados ao câncer de colo do útero. Mas, além dela, outros cuidados são importantes, como:
uso de preservativo nas relações sexuais;
a realização anual do exame preventivo (pelas mulheres);
o não compartilhamento de objetos cortantes ou perfurantes, como os aparadores de unha e cutícula, agulhas e/ou seringas, no caso da hepatite B.
“Cuidar-se bem é um dever, pois ajuda a prevenir doenças e também a transmissão delas, portanto, todos devem estar atentos às medidas de segurança e à vacinação”, aconselha Renato Kfouri, presidente da SBIm. A presidente da SBIm-RJ complementa: “É importante aproveitar o momento da consulta para conversar com o médico sobre como colocar o calendário de vacinação da família em dia e, claro, manter-se atualizado. A informação é grande aliada da saúde”, orienta Ballalai.