O Dia Internacional da Mulher (8/03) irá comemorar novamente muitas conquistas que ao longo dos anos têm sido aprimoradas como a emancipação profissional, sexual, cultural e principalmente a liberdade em fazer escolhas, exercer o livre arbítrio e a confiança que cada mulher conquistou em dizer “não” ou “sim” quando lhes convier. Um bom momento para exercer essa liberdade é quando o assunto é a saúde e sexualidade, na hora de exigir o uso da camisinha, que previne várias doenças sexualmente transmissíveis e também o contato com o HPV – papilomavírus humano, que é responsável pelo câncer de colo do útero, o segundo tipo de câncer que mais mata mulheres no mundo. Às vésperas de o governo federal anunciar a implementação da vacina contra o HPV na rede pública, algo que já está sendo debatido e em fase de estudos finais para a adoção de uma estratégia ampla, a SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações vem lembrar, nesta data tão importante, que é preciso pensar na prevenção.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca) afirmam que, por ano, o câncer de colo do útero faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. O instituto fez uma estimativa para 2012, quando foram previstos 17.540 casos novos desse tipo de tumor no Brasil, com um risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres. Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 100 tipos diferentes, sendo que cerca de 40 deles podem infectar o trato ano-genital.
Os números preocupantes reforçam a importância de lembrar que a prevenção deste tipo de câncer pode ser feita com cuidados simples, entre os quais a vacinação. “Muitas pessoas ainda não sabem que o câncer de colo de útero está relacionado como o vírus do papiloma humano (HPV), transmissível sexualmente e presente na maior parte das lesões pré-cancerígenas. As vacinas aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e Ministério da Saúde para uso no Brasil previnem os principais tipos de HPV associados a esse câncer e também às verrugas genitais e são recomendadas para mulheres entre 9 e 26 anos”, explica Renato Kfouri, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
O médico explica que duas vacinas contra o HPV estão disponíveis no Brasil: a quadrivalente contendo os tipos 6, 11, 16, 18 de HPV, que são responsáveis por 70% dos casos de cânceres genitais e 90% das verrugas genitais. Esta vacina é indicada em esquemas de intervalos de 0-2-6 meses para meninas, meninos e jovens de nove a 26 anos de idade. A outra, bivalente, previne contra os tipos 16 e 18 de HPV, causadores de 70% dos cânceres de colo de útero, com esquemas de intervalos de 0-1-6 meses. Ela é indicada para meninas e mulheres de dez a 25 anos de idade. “As vacinas contra o HPV devem ser aplicadas preferencialmente na adolescência, antes de iniciada a vida sexual, entre 11 e 12 anos de idade. Ambas oferecem proteção adicional contra outros tipos causadores de cerca de 10% dos cânceres do colo de útero”, informa Kfouri.
A vacina quadrivalente, quando aplicada em homens de 9 a 26 anos, pode proteger também contra o câncer de pênis e ânus. As vacinas oferecem taxa de soroconversão (capacidade de gerar produção de anticorpos e proteção) que chega a 99%. A médica Isabella Ballalai, presidente da SBim-RJ, afirma que “as vacinas são eficazes na prevenção, mas é importante saber que elas não têm ação de tratamento e não previnem todas as infecções causadas por todos os tipos HPV e nem outras doenças sexualmente transmissíveis, por este motivo, a vacinação, apesar de essencial, não elimina a necessidade de as mulheres realizarem anualmente o exame preventivo Papanicolau, nem dispensa o uso de preservativo durante as relações sexuais”, explica.
Importante dizer que a vacinação contra o HPV também tem o potencial de proteger contra outros cânceres genitais e da orofaringe em homens e mulheres. Dentre os tipos de câncer relacionados à infecção por HPV, destaca-se o câncer anal, que tem apresentado aumento considerável de casos nos últimos 30 anos, com incidência estimada de 1,4:100.000 na população geral, sendo mais comum em mulheres do que em homens na maioria dos países.
“A SBIm orienta os médicos que conversem com seus pacientes – ou com os responsáveis por eles – sobre a importância da vacinação”, enfatiza Renato Kfouri. Para as doenças transmitidas sexualmente, como o HPV, ele lembra que quanto mais cedo ocorrer a vacinação, menor será o risco de infecção pelos vírus que causa a doença. Como reforço para a preocupação, o médico destaca a pesquisa da Unesco que mostra que dois em cada três brasileiros fazem sexo antes dos 16. De acordo com estudos de acompanhamento de adolescentes, um ano após o início da atividade sexual, 20% a 30% das meninas já apresentam alguma lesão causada pelo HPV no colo do útero. “Por isso, o ideal é vacinar antes do início da vida sexual”, orienta.
Além das vacinas, outros cuidados são importantes, como:
1. uso de preservativo nas relações sexuais;
2. a realização anual do exame preventivo (pelas mulheres);
“Cuidar-se bem é um dever, pois ajuda a prevenir doenças e também a transmissão delas, portanto, todos devem estar atentos às medidas de segurança e à vacinação”, aconselha o médico. A presidente da SBIm-RJ, Isabella Ballalai complementa: “É importante aproveitar o momento da consulta para conversar com o médico sobre como colocar todo o calendário de vacinação da família em dia e, claro, manter-se atualizada. A informação é grande aliada da saúde”, orienta.
Fontes:
SBIm – www.sbim.org.br
http://www1.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=2687
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home+/colo_utero/definicao