O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou, em Brasília, moção contra a posição de indivíduos, grupos ou governos que pedem o fechamento das fronteiras do continente africano por conta do vírus Ebola. No entanto, a autarquia é a favor da vigilância sanitária necessária ao controle da epidemia.
O grupo também cobra o empenho de autoridades, empresas e cidadãos no enfrentamento da epidemia e que as autoridades brasileiras e internacionais desenvolvam esclarecimento sobre a doença.
A epidemia de ebola já matou 4.877 pessoas, sobretudo em três países do oeste da África (Guiné, Serra Leoa e Libéria), segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS), publicado nesta quarta-feira (22/10) em Genebra, e elaborado com dados coletados até 19 de outubro. No total, a OMS contabilizou 9.936 casos da doença em sete países.
Leia a íntegra do documento do CFM:
MOÇÃO DE APOIO AO FIM DA RESTRIÇÃO
AS POPULAÇÕES DE ÁREAS ATINGIDAS PELO EBOLA
O mundo assiste com perplexidade a ausência de solidariedade para com o continente africano, hoje vítima de diversos conflitos e epidemias, como a do vírus Ebola. O temor manifesto em diversos países tem implicado até em proposições de fechamento de fronteiras à África sob o pretexto de dar segurança à humanidade.
Preocupado com os desdobramentos dessas posições e com o avanço do vírus Ebola, o Conselho Federal de Medicina (CFM) – entidade brasileira que congrega cerca de 400 mil médicos – vem a público se manifestar:
1) Contra a posição de indivíduos, grupos ou governos que pedem o fechamento das fronteiras do continente africano e a favor da vigilância sanitária necessária ao controle da epidemia;
2) A favor do empenho de autoridades, empresas e cidadãos no enfrentamento da epidemia, que afeta áreas do continente africano, por meio do envio de insumos, profissionais e recursos humanos;
3) Em prol do desenvolvimento de vacinas e medicamentos de combate e prevenção ao vírus, em condições de produção em larga escala e para distribuição gratuita entre os pacientes;
4) Em defesa de políticas de cooperação internacional com foco no desenvolvimento social e econômico da África, fortalecendo-a, sobretudo, nos campos da saúde e educação.
Finalmente, o CFM pede às autoridades brasileiras e internacionais que implementem amplas campanhas sobre essa doença, estimulando hábitos preventivos, indicando formas e locais de tratamento, e esclarecendo sobre formas de contágio, o que ajuda a evitar o avanço do estigma e do preconceito.
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA