Por Karina Toledo Agência FAPESP – Em busca de soluções inovadoras para aumentar a segurança de dispositivos do tipo SoC (system-on-a-chip), a FAPESP e a Intel lançarão em breve a segunda chamada de propostas no âmbito do acordo de cooperação existente entre as duas instituições.
David Ott, diretor de pesquisa do University Research Office (URO) da Intel, explicou em evento na FAPESP que os dispositivos SoC são como pequenos computadores em um chip e já estão presentes em áreas como comunicação móvel, jogos, vídeos, segurança e até mesmo em medicina – são usados, por exemplo, para monitorar parâmetros como batimento cardíaco e glicemia.
“Também os carros já estão repletos de chips que controlam o sistema elétrico, o funcionamento do motor, o sistema de entretenimento, as travas e o ar condicionado. Os prédios modernos contam com sensores inteligentes, capazes de ligar e desligar sistemas quando necessário de forma a poupar energia”, disse Ott, durante o workshop Intel research activities with system-on-a-chip (SoC) devices and opportunities of collaboration, realizado na sede da FAPESP na quinta-feira (05/06).
“O uso desses chips, no ambiente que chamamos de Internet of Things (IoT), está crescendo rapidamente. No futuro, pessoas, prédios e meios de transporte estarão repletos de sistemas que ajudarão a controlar as coisas e torná-las mais inteligentes”, afirmou.
Ott destacou que os projetos a serem submetidos na chamada deverão apresentar abordagens inovadoras para aumentar a segurança dos dispositivos SoC contra os chamados ataques por canais colaterais (side-channel attack), que exploram os aspectos físicos de um sistema – como o consumo de energia do chip ou uso da rede wireless – para decifrar senhas e ganhar acesso indevido aos dispositivos.
“Do lado de fora desses dispositivos há algumas características observáveis. É possível identificar o padrão das comunicações wireless ou do uso da bateria. Também é possível medir o campo magnético ao redor do chip e observar como ele varia. Essas informações de canais colaterais podem ajudar a pessoa que está cometendo o ataque a entender como o sistema opera. Nós estamos em busca de contramedidas que tornem esse ataque mais difícil ou virtualmente impossível”, disse Ott.
Durante o workshop, Ott explicou a um grupo de 32 pesquisadores quais são os principais pontos que deverão ser contemplados nos projetos.
“Há diversas informações que podem ser observadas pelos canais colaterais e a proposta deve mostrar um bom entendimento da informação estudada. Além disso, ela deve propor uma contramedida inovadora, algo que nunca tenha sido estudado e que represente uma abordagem nova e interessante para o problema”, disse Ott.
“Também precisa ser uma solução prática. Não deve, por exemplo, ter um grande impacto sobre o uso de energia, memória ou processamento do sistema. Por último, não pode ser uma solução muito específica e, sim, ser passível de atender uma gama ampla de dispositivos futuros da Intel”, disse Ott.
As propostas poderão ser enviadas até o fim de agosto por pesquisadores vinculados a instituições de ensino superior e de pesquisa no Estado de São Paulo, públicas ou privadas. Serão contemplados projetos com até dois anos de duração. O total de recursos disponível para os projetos selecionados é de até US$ 200 mil.
Durante a abertura do workshop, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Roberto Marcondes Cesar Junior, que é membro da coordenação adjunta das áreas de Ciências Exatas e Engenharias da FAPESP, apresentou as principais iniciativas da Fundação na área de Ciência e Engenharia de Computação, entre elas o Programa FAPESP de Pesquisa em eScience e o acordo firmado com o Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que prevê investimentos de R$ 98 milhões para apoiar projetos que contribuam para o desenvolvimento da internet no Brasil.