Depois de confirmados 789 casos da febre chikungunya no Brasil, tudo indica que o brasileiro terá de conviver com a doença, que é semelhante à dengue. Na avaliação do médico Pedro Tauil, doutor em medicina tropical e professor da UnB, ela chegou ao país para ficar.
Segundo ele, o vírus tem os mesmos vetores da dengue, os mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus, que já estão instalados em todos os estados brasileiros. Além disso, já houve transmissão da febre chikungunya em três estados. Na Bahia, estão confirmados 458 da doença, enquanto no Amapá e em Minas Gerais foram registrados, respectivamente, 330 e um caso.
O médico adiantou que, por ter os mesmos vetores, a febre chikungunya deverá ter a mesma sazonalidade da dengue, ou seja, o período das chuvas será de picos de transmissão da doença.
Pedro Tauil esclareceu que a nova doença mata muito menos que a dengue, já que, apesar dos mesmos sintomas (febre alta, dor de cabeça e nas articulações), são raras as vezes em que apresenta casos com hemorragia. No novo vírus, a sintomatologia dura de três a dez dias.
Outra peculiaridade da febre é a intensidade e o tempo das dores nas articulações. Conforme Tauil, são poucos os casos em que essas dores são fortes e longas. “Na experiencia dos franceses, pessoas ficam um ano [com dores articulares] e outras levam apenas alguns meses. A gente ainda não sabe o que faz essas dores permanecerem”, explicou Tauil.
Nesses casos, os pacientes podem precisar usar cortisona para atenuar a dor e até mesmo de tratamento com fisioterapeuta.
Na maioria dos casos, o paciente não precisa ser internado. Ele é tratado em casa, com remédios para aliviar dores e febre, conforme recomendação médica. De acordo com Tauil, para um bom tratamento, é importante o profissional distinguir dengue da chikungunya.
As medidas preventivas são as mesmas da dengue. Até o fim de outubro, o governo federal, em parceria com estados e municípios, deverá concluir o Levantamento Rápido do Índice de Infestação do Aedes aegypti. O objetivo é identificar as larvas dos mosquitos Aedes egypti e Aedes albopictus, os focos e depósitos de água onde foram encontrados.
O Ministério da Saúde reitera que, para prevenir a nova doença, são necessárias medidas simples como verificar o fechamento da caixa d água, não acumular vasilhames em quintais, desentupir calhas e colocar areia em pratos sob vasos de plantas.
Desde a confirmação de casos da febre chikungunya no Caribe, no fim de 2013, o Ministério da Saúde elaborou o Plano Nacional de Contingência, que definiu, entre outras metas de controle da doença, a intensificação das atividades de vigilância, respostas da rede de saúde, divulgação de medidas às secretarias, preparação de laboratórios de referência para diagnósticos e o treinamento de profissionais.
Aline Leal – Repórter da Agência Brasil
Edição: Armando Cardoso