Ao contrário do que muitos pensam, dores no estômago, azia, dificuldade de digestão, enjoo e vômito não são sintomas comuns no paciente com gastrite. Muito confundida com a indigestão (dispepsia) e doença do refluxo – desconforto após a alimentação – é, de forma geral, uma inflamação da mucosa do estômago que provoca algum tipo de sintoma em apenas 20% dos pacientes. Porém, uma diversidade de manifestações é inadvertida e frequentemente atribuída ao distúrbio.
Segundo a Dra. Andrea Vieira, professora instrutora de Gastroenterologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, isso acontece por desinformação. “Muitas vezes, o paciente já chega ao consultório dizendo que tem gastrite. Isso porque acha que comeu algo muito gorduroso, ou está em alguma situação de pressão cotidiana. Isso não é verdade. A inflamação não tem relação direta com alimentação”, explica.
Outro “mito” esclarecido pela professora é a denominação “gastrite nervosa”. Segundo ela, esse termo está incorreto, já que o mal não pode ser resultado de uma alteração psicológica do dia a dia.
Apesar da definição basear-se na histologia, na prática, o diagnóstico é feito pelo clínico e/ou endoscopista. A disfunção é classificada como: crônica e a aguda. A crônica é resultado de infecção pela bactéria H. Pylori cuja transmissão é fecal-oral que ocorre preferencialmente na infância e tem alta prevalência no Brasil. raramente, por origem autoimune, que corresponde a apenas 2% das gastrites crônicas. A segunda aguda ocorre por diversas causas, entre elas, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, drogas (anti-inflamatórios não hormonais, quimioterápicos, corticosteroide), toxinas, bactérias, vírus, fungos, politrauma, sepse, choque, isquemia, queimadura extensa. Existem ainda causas mais raras: tuberculose, sífilis, doença de Crohn e sarcoidose.
Tratamento
O tratamento do distúrbio é feito por meio de remédios que procuram dar uma estabilidade para o estômago, como os hipossecretores, aliado a uma alimentação balanceada e livre de gordura e temperos muito fortes que levam a distensão gástrica. “A forma de cuidar depende muito da causa. Se for por álcool ou antiinflamatório, o paciente precisa suspender o uso das substâncias. Mas, quando o medicamento que provoca a lesão não pode ser retirado da pessoa, são usados em conjunto, outros fármacos que procuram restabelecer o estômago. Se for pela bactéria, deve-se erradicar”, afirma a professora.
Apesar de a alimentação não estar totalmente ligada ao desenvolvimento da gastrite no organismo, a dica da Dra. Andrea é sempre mantê-la balanceada e privilegiar o consumo consciente de bebidas alcoólicas.