A epidemia de dengue no Brasil já ultrapassou 745 mil casos só neste ano, segundo o Ministério da Saúde. Este índice é 243% maior se comparado ao mesmo período no ano passado, quando foram registrados 223 mil casos. Já os casos graves da doença passaram de 400, quase o dobro de 2014. De janeiro a abril de 2015, 229 pessoas já morreram em consequência da doença, sendo 169 só no Estado de São Paulo. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, pessoas com idade avançada, doenças crônicas, cardiopatias e problemas pulmonares são mais suscetíveis às complicações das formas mais graves da doença, como a dengue hemorrágica ou choque da dengue.
“A insuficiência renal aguda (IRA) é uma complicação que pode ocorrer nos quadros mais graves d a doença, como o dengue hemorrágica e a síndrome de choque associado à dengue”, alerta a presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Dra. Carmen Tzanno. Segundo ela, cerca 2% a 5% dos casos podem evoluir para IRA. E, em alguns, pode ser necessária a terapia renal substitutiva (diálise). Outras complicações também são miocardite, hepatite, insuficiência hepática, quadros neurológicos, hemorragias graves e choque.
É importante ficar atento aos primeiros sintomas da dengue, que são febre alta (39° a 40°) de uma hora para outra com duração de até 48 horas, dores de cabeça, musculares, na barriga, presença de manchas vermelhas no corpo, náusea, desmaio e dificuldade na ingerir líquidos. Eles aparecem entre 3 a 15 dias após ser picado pelo mosquito. Como é caracterizada com um quadro inflamatório nos vasos sanguíneos, a dengue deixa-os mais permeáveis para a saída de sangue e este quadro pode ou não evoluir para o choque hemorrágico, que é a perda aguda de sangue no organismo. Para confirmar se é dengue, é necessário realizar um exame de sangue de sorologia, diagnóstico clínico, medição de plaquetas e de hematócito, e “Prova do Laço”. A partir do diagnóstico e da gravidade do caso, o paciente poderá ser internado ou liberado para tratamento em casa. Nos casos mais graves, a internação é fundamental para evitar maiores complicações. Hidratação e alimentação deverão ser indicadas pelo médico e remédios como ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não devem ser tomados por favorecerem o aparecimento de hemorragias.
Sobre a SBN – Fundada em agosto de 1960, a Sociedade Brasileira de Nefrologia atua no apoio aos profissionais, incentivo a projetos científicos, educacionais e na colaboraçÍ o com a s demandas das sociedades médicas e instituições governamentais para garantir a universalização do acesso à saúde renal. Com mais de três mil nefrologistas filiados, a SBN tem o reconhecimento do corpo médico e científico no Brasil e no exterior. A instituição congrega médicos e profissionais da saúde em torno da Nefrologia e promove o desenvolvimento da especialidade. A diretoria eleita para o biênio 2015-2016 atua à frente de 18 regionais, 7 comitês e 11 departamentos. Com 100 mil pacientes em diálise, o Brasil é uma das cinco nações com maior número de tratamentos de terapia renal substitutiva e transplantes renais no mundo.
Sobre a Dra Carmen Tzanno – Médica nefrologista com ampla experiência em pesquisa e diagnóstico. Doutora em Nefrologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (1993), é especialista na Área de Imunologia de Tran splantes. Fez especialização na Unidade de Metabolismo Ósseo da Universidade de Oviedo, Espanha, e estágio na Unidade de Transplante da Universidade de Oxford, Inglaterra. Pós-Graduada em Gestão de Saúde pelo INSPER, estuda o envelhecimento, as alterações neurológicas e as interações medicamentosas em pacientes em diálise. Integrante da Sociedade Brasileira de Nefrologia, ela assumiu a presidência da instituição para o biênio 2015-2016. É a primeira mulher a assumir a presidência ao longo dos 54 anos de existência da SBN.