Diego Freire | Agência FAPESP – Potenciais de integração de pesquisas em Computação com diversas áreas do conhecimento foram discutidos em workshop do , realizado na sede da instituição, em São Paulo (SP).
O workshop teve também o objetivo de esclarecer dúvidas sobre o segundo edital do programa, lançado em novembro passado, e que conta com R$ 4 milhões em recursos.
O prazo para submissão de propostas se encerra no dia 21 de março. De acordo com Claudia Bauzer Medeiros, do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e membro da coordenação adjunta de Programas Especiais da FAPESP, o objetivo é apoiar colaborações científicas que contribuam para o desenvolvimento de todas as áreas de pesquisa envolvidas, sem que a Computação seja usada apenas como ferramenta.
“A ideia é congregar em abordagens científicas transdisciplinares pessoal que desenvolve pesquisas em Computação e em qualquer outra área do conhecimento para que possam crescer e contribuir juntas para a pesquisa multidisciplinar inovadora. Dessa forma, não se trata de aplicação de técnicas existentes, de uso de tecnologia na pesquisa, de serviços de computação ou cessão de dados – trata-se de um esforço de pesquisa conjunto de cientistas da Computação e de outros domínios para que o conhecimento científico seja desenvolvido de uma forma mais ampla e transformadora”, destacou.
Ainda segundo Bauzer Medeiros, “a criação do programa partiu da constatação de que seria estratégico para o Estado de São Paulo essa transdisciplinaridade no enfrentamento de problemas com impacto na sociedade, explorando-se como os avanços de pesquisa em Computação podem ajudar a vencer desafios científicos e tecnológicos e vice-versa”.
“Um diferencial da pesquisa em eScience é que, com a cooperação, sempre surgem novos resultados também na Computação que dificilmente apareceriam se não fosse a necessidade de vencer os desafios apresentados por outras áreas do conhecimento”, disse.
Entre as áreas contempladas pelo edital estão análise de dados (incluindo big data), algoritmos, modelos e interfaces humano-computador em eScience; ciberinfraestrutura para apoiar pesquisa na área, contemplando novos hardwares e usos de software, serviços, protocolos e ferramentas de pesquisa; e campos de aplicação de eScience, abrangendo as engenharias, saúde, ciências agrárias, exatas, biológicas, climáticas, sociais, humanas, artes e práticas de educação.
No entanto, observa Bauzer Medeiros, os projetos não precisam se restringir às áreas destacadas no edital.
“Esta chamada menciona em específico determinados campos de interesse científico, como data science, astrofísica, astroinformática e medicina de precisão, diferenciais em relação ao edital anterior por conta de necessidades de pesquisa observadas no Estado de São Paulo. Um outro destaque é a busca por soluções inovadoras para integrar os resultados das pesquisas dos outros programas da FAPESP – BIOTA, BIOEN e Mudanças Climáticas. Mas note que que todas as áreas que envolvem cooperação com pesquisa em Computação são bem-vindas, como demonstram os projetos já selecionados.”
O evento, do qual também participou Roberto Marcondes Cesar Júnior, membor da coordenação do Programa FAPESP de Pesquisa em eScience, contou com apresentações de pesquisas selecionadas em 2014, quando foi lançado o primeiro edital.
Entre eles o AgroComputing.net, desenvolvido por pesquisadores da Embrapa Informática Agropecuária e do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, que contempla uma infraestrutura digital e novos métodos computacionais para análise e mineração de grandes bases de dados climáticos e de sensoriamento remoto para aperfeiçoar o monitoramento e a previsão agrícolas.
“A área de big data voltada à agrometeorologia traz desafios relacionados a melhorias na Ciência da Computação por conta da diversidade dos dados disponíveis, incluindo diferentes escalas, séries de longo prazo, plataformas para integrar cientistas da computação e agrometeorologistas e muitos outros”, contou Luciana Alvim Santos Romani, da Embrapa.
Romani é responsável pela pesquisa , desenvolvida com o apoio do eScience.
Entre os objetivos do projeto estão a criação de uma plataforma para agregar, integrar e validar dados de estações meteorológicas, modelos climáticos e imagens de satélite e o desenvolvimento de algoritmos para filtrar, analisar e extrair novos e relevantes padrões de dados climáticos e imagens de satélite. O trabalho também pretende disponibilizar meios para que agrometeorologistas aprimorem técnicas de monitoramento de terras e previsão de rendimento.
“Com isso é possível organizar e integrar dados de estações meteorológicas, desenvolver mineração de dados e técnicas de correlação fractal para analisar séries temporais de clima e imagens de satélite, utilizar métodos de classificação a serem aplicados a imagens espaciais, avaliar a aptidão climática nas áreas produtivas e desenvolver métodos para monitoramento temporal de culturas”, explicou Romani.
A Embrapa Informática Agropecuária será responsável por manter a infraestrutura e uma base de dados gerados por meio do programa, para garantir o acesso livre de qualquer pesquisador que pretenda realizar investigação no campo.
De acordo com Romani, o projeto traz contribuições tanto para a Ciência da Computação como para a Agrometeorologia.
“Na Computação são possibilitados novos métodos para manipular e analisar dados e algoritmos de forma adequada, rápida e eficiente. Trata-se também de um mecanismo para fornecer autonomia para agrometeorologistas, integrando modelos agroambientais. Na agrometeorologia, são atualizados modelos para analisar dados do clima atual e de perspectivas futuras, além de novas ferramentas para avaliar imagens de satélite em um contexto agrícola e para lidar com um grande volume de dados agrometeorológicos.”
Também foram apresentadas no workshop as pesquisas , por Valdir Grassi Jr., representando Marco Henrique Terra; , por Gilberto Camara Neto; e , por Marcelo Knorich Zuffo.
“Todos os projetos envolvem grandes volumes de dados complexos, sendo cada um voltado a uma área diferente do conhecimento. O primeiro está voltado a novas soluções para veículos autônomos, sem motorista; o segundo envolve o estudo da evolução do uso da terra, por exemplo, em agricultura, devido a fenomenos climáticos; o último trata da exploração de sítios arqueológicos de difícil acesso e da preservação desses sítios usando meios digitais”, destacou Bauzer Medeiros .