O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, defendeu a privatização de alguns setores do governo brasileiro para reduzir custos. O equilíbrio das contas públicas, argumentou o presidente da Firjan, leva à questão mais importante da economia, que é a confiança. “A falta de credibilidade, que é sinônimo da insegurança, não apenas abandona os investidores, mas polui a todos nós aqui”. Segundo ele, na medida em que o Estado precisa fazer um equilíbrio nas suas contas, deve trabalhar para a desoneração da produção.
Referiu-se de modo particular às normas regulamentadoras (NRs) do Ministério do Trabalho. “São coisas que, de repente, as empresas ficam mais flexíveis, entendendo que nós temos que pagar uma parte da conta, mas o Estado brasileiro, por outro lado, vai fazer com que os nossos custos de produção possam diminuir”, notadamente em relação a custos agregados, explicou.
Ele lembrou que quando há um problema nas empresas, muitas vezes, para fazer o orçamento, as companhias decidem abrir mão de alguns ativos. Nesse sentido, considerou importante que o Estado transmita a necessidade de fazer um choque importante de privatização no país.
“Tem vários ativos que não tem necessidade de o Estado preservar”, ressaltou. Na questão da saúde pública, disse que não há relação com a propriedade do imóvel onde está um determinado hospital ou ambulatório. “Se o Estado pesquisar com lupa onde é aquilo que não tem nada a ver com o papel do Estado, e onde o setor privado pode assumir, eu acho que está na hora de pensarmos sobre isso.”
Vieira referiu-se também à elevada carga tributária incidente na indústria de transformação, que equivale à quase metade do Produto Interno Bruto (PIB) do setor e a duas vezes a média da carga tributária do setor empresarial. Acrescentou que o custo unitário de trabalho subiu em termos reais (descontada a inflação) quase 12% entre 2010 e 2014, principalmente com a estagnação produtiva. A indústria enfrenta ainda o custo de energia elétrica, que poderá subir até 53% em março.
A situação, segundo o presidente da Firjan, requer a atenção dos empresários sobre o papel que o setor tem a desempenhar na atual conjuntura “complicada” que o país enfrenta nos campos político e econômico. “O Brasil pouco cresceu no ano passado, e as perspectivas não são nada brilhantes para este ano”, destacou. Ele adiantou que a repercussão disso é negativa sobre o emprego e a renda.
Gouvêa Vieira referiu-se ainda à crise moral que o país passa e oferece aos empresários o desafio de trazer à mesa de negociação equilíbrio e propostas de diálogo, de forma tranquila. “Para isso, nós temos que entender que o Brasil é mais importante do que essas conjunturas que estamos passando”, enfatizou. Na sua opinião, não interessa quem causou as crises. O importante é toda a população se unir para enfrentar os embaraços que o país está vivendo. “Os empresários têm que dar o exemplo”, concluiu.
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Edição: Stênio Ribeiro