Começou por São Paulo a terceira etapa dos testes humanos da primeira vacina brasileira contra a dengue, produzida pelo Instituto Butantan, unidade da Secretaria de Saúde do Governo do Estado de São Paulo, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês).
Nesta etapa iniciada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo participam 1,2 mil voluntários. No total, o estudo envolverá 17 mil pessoas, de 18 a 59 anos de idade, em 13 cidades de cinco regiões do Brasil.
Na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, os ensaios clínicos serão conduzidos pelo professor José Cassio Moraes. Os voluntários serão selecionados por meio do programa Estratégia de Saúde da Família, desenvolvido pelo centro de Saúde da Escola da Santa Casa de Misericórdia, criado em 1967.
Essa é a terceira e última etapa de testes antes de a vacina ser submetida à aprovação da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). O objetivo é comprovar a eficácia da vacina. Caso aprovada, ela passa a ser produzida em larga escala pelo Instituto Butantan e será utilizada em campanhas de imunização em massa na rede pública de saúde em todo o Brasil.
Nas etapas anteriores, a vacina foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos Estados Unidos, pelos NIH, e 300 na segunda etapa, realizada em São Paulo, em parceria com a Faculdade de Medicina da USP, através do Hospital das Clínicas e do Instituto da Criança, com o Instituto Adolf Lutz.
Os testes já estão em andamento em Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Porto Velho (RO), na região Norte, em mais dois centros no Estado de São Paulo (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto), em um centro de pesquisa de Fortaleza (CE) e outro em Porto Alegre (RS). Ao todo são 14 centros de pesquisa credenciados pelo Butantan para a realização dos estudos.
Os testes envolvem 17 mil voluntários. São convidadas a participar pessoas saudáveis que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Os participantes do estudo são acompanhados pela equipe médica por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina.
A vacina desenvolvida pelo Butantan, em parceria com o NIH, é produzida com vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos, incapazes de provocar a doença.
Do total de voluntários, 2/3 receberão a vacina e 1/3 receberá placebo, uma substância com as mesmas características da vacina, mas sem efeito. Tanto a equipe médica quanto os participantes não saberão quem vai receber a vacina ou o placebo. Só posteriormente, a partir de exames coletados dos voluntários é que será possível saber se quem recebeu a vacina ficou protegido ou quem tomou o placebo contraiu a doença.
Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, que induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e que é potencialmente eficaz.
Do Portal do Governo do Estado SP