Karina Toledo | Agência FAPESP – Estão abertas até 15 de março as inscrições para a , que será realizada na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), no interior de São Paulo, entre os dias 29 de maio e 9 de junho. Voltado principalmente a pós-graduandos e pós-doutorandos, o evento tem como proposta transmitir uma visão crítica e abrangente sobre o estado da arte nas pesquisas sobre arbovírus, com foco especial sobre dengue, Zika e chikungunya.
São oferecidas 100 vagas, sendo aproximadamente metade para estudantes brasileiros e metade para estrangeiros, de acordo com o modelo do Programa Escola São Paulo de Ciência Avançada () da FAPESP.
As inscrições são gratuitas e os candidatos selecionados terão os custos de hospedagens e transporte custeados pelos organizadores. A seleção será feita com base na análise do currículo e da carta de interesse, buscando diversificar ao máximo o país de origem dos participantes.
Como informou o organizador Maurício Lacerda Nogueira, professor da Famerp, o evento dá continuidade a uma série de encontros que vem sendo realizada desde 2012 em parceria com a University of Texas Medical Branch (UTMB), dos Estados Unidos.
“Essa universidade norte-americana é um centro de excelência em pesquisas sobre arbovírus. Organizamos em parceria dois eventos de alto nível, em 2012 e em 2016, em São José do Rio Preto. Diante do crescimento recente no número de casos de Zika e chikungunya, decidimos aproveitar a tradição e organizar um terceiro encontro no formato da ESPCA, com aulas teóricas e também práticas”, disse Nogueira.
A primeira semana da programação será dedicada às aulas teóricas e terminará com uma visita ao Centro de Pesquisa em Virologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), da Universidade de São Paulo (USP), coordenado pelo professor Luiz Tadeu Figueiredo.
Na segunda semana, os participantes serão divididos em atividades práticas que vão de modelagens computacionais usadas em estudos de filogenia e evolução de vírus até saídas de campo para a coleta e identificação de mosquitos e de aves silvestres.
Destaques
Buscando uma abordagem compreensiva do tema, a programação foi organizada em torno de três eixos: a biologia do mosquito vetor, a interação do vírus com o sistema imune do hospedeiro e o estudo dos vírus propriamente ditos.
A palestra de abertura será proferida pelo professor Bob Tesh, da University of Texas Medical Branch, que apresentará uma contextualização histórica sobre as pesquisas em arbovirologia. Da mesma instituição estará presente o pesquisador Scott Weaver, referência mundial em chikungunya e Zika.
Da área de virologia destaca-se ainda a bioquímica Andrea Garmanik, pesquisadora da Fundación Instituto Leloir, de Buenos Aires. Ela recebeu, em 2016, o Prêmio L’Oréal-Unesco para Mulheres na Ciência por seus estudos com a dengue. Já o contexto africano dos arbovírus será abordado pelo professor Amadou Alpha Sall, do Instituto Pasteur Dakar, no Senegal.
“O time de virologistas conta ainda com o pesquisador Gregory Ebel, da Colorado State University, nos Estados Unidos. Ele é uma grande autoridade no vírus do Oeste do Nilo”, destacou Nogueira.
Entre os palestrantes dedicados a estudar a biologia de mosquitos do gênero Aedes, destacam-se George Dimopoulos, da Johns Hopkins University, nos Estados Unidos, e George Christophides, do Imperial College, no Reino Unido. Há ainda o brasileiro Jayme Souza Neto, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu, cujo projeto busca entender como o conjunto de bactérias que coloniza o intestino do mosquito influencia a suscetibilidade do inseto ao vírus da dengue.
“Já na parte relacionada ao hospedeiro destaca-se o imunologista Mauro Teixeira, da Universidade Federal de Minas Gerais, e Ana Fernandez-Sesma, da Mount Sinai School of Medicine, em Nova Iork”, informou Nogueira.
O time de palestrantes brasileiros conta ainda com Paolo Zanotto, pesquisador do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP e coordenador da Rede de Pesquisa sobre Zika Vírus em São Paulo (Rede Zika).