Ao lado do francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848), o alemão Johann Moritz Rugendas (1802-1858) teve importância fundamental na divulgação das primeiras imagens do Brasil no exterior. Durante quatro anos, entre 1821 e 1825, ele percorreu o país retratando toda a exuberância da natureza e os costumes populares, tendo como resultado um trabalho preciso de documentação da época em que a nação se tornou independente de Portugal.
Parte da produção do artista pode ser vista na exposição Rugendas, um cronista viajante, que a Caixa Cultural Rio de Janeiro inaugurou neste sábado (27), às 18h. A mostra exibe 50 obras do pintor, desenhista, ilustrador e litógrafo, entre elas 36 originais do famoso álbum Viagem pitoresca através do Brasil (Voyage Pittoresque dans le Brésil), considerado um dos mais importantes documentos iconográficos sobre o Brasil do século 19.
O panorama da obra de Rugendas é apresentado na mostra em três núcleos. O primeiro deles é Olhar a terra, com paisagens do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas, seguindo-se Olhar o homem, na qual apresenta cenas da vida cotidiana da população brasileira; e Plantas da terra, que traz estudos da fauna e flora brasileira.
Para a curadora Angela Âncora da Luz, revisitar a obra de Rugendas proporciona um encontro com um documentarista que tem muito a ensinar para a nossa época a partir de suas obras. “A exposição objetiva apresentá-las com o olhar de hoje, comprovando que a arte se recria a cada novo olhar, e que nesta dinâmica ela terá sempre propostas e observações atuais a nos acrescentar”, comentou.
Artista Viajante
Rugendas chegou ao Brasil como documentarista e desenhista da Expedição Langsdorff, que percorreu 16 mil quilômetros pelo interior do país com objetivo de fazer um inventário completo do Brasil. A expedição era comandada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff, médico alemão naturalizado russo, e patrocinada pelo czar Alexandre I, por dom Pedro I e por José Bonifácio, o Patriarca da Independência.
O artista abandonou a expedição em 1824, mas continuou sozinho o registro de tipos, costumes, paisagens, fauna e flora brasileiros. Retornou à Europa no ano seguinte para dedicar-se a produção do álbum Voyage Pittoresque dans le Brésil, editado em Paris em 1835, em francês e alemão, e com a reprodução de 100 obras, acompanhadas de textos explicativos.
Dez anos depois, em 1845, Rugendas retornou ao Brasil e participou no Rio de Janeiro das Exposições Gerais de Belas Artes, realizadas pela Academia Imperial de Belas Artes, hoje Museu Nacional de Belas Artes. Nesse período, tornou-se o artista preferido da família imperial, realizando retratos de seus integrantes.
Rugendas, um cronista viajante fica em cartaz até 11 de março e pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 21h. A entrada é franca e a Caixa Cultural fica na Avenida Almirante Barroso, 25, no centro do Rio.
Paulo Virgilio – Repórter da Agência Brasil
Edição: Davi Oliveira
30/01/2018