O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) anunciou a ampliação da Olimpíada Brasileira de Matemática para alunos das 4ª e 5ª séries do ensino fundamental. O diretor adjunto do instituto e coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), Claudio Landim, disse à Agência Brasil que “era um antigo desejo do Impa estender a OBMEP para os quarto e quinto anos. Hoje estamos lançando essa Olimpíada do Nível A de Matemática”.
Na avaliação do Impa, o gargalo no ensino da matemática está no primeiro segmento do ensino fundamental. “Os alunos têm aulas com pedagogos, que não foram formados em matemática, muitos dos quais têm medo, não gostam de matemática, e acabam transmitindo a seus alunos essa “paura” (pavor, em italiano). A ideia da prova é mostrar a todo o Brasil, a todas as crianças, que o ensino da matemática pode ser algo divertido, instigante. Com essa prova, a gente espera despertar curiosidade nos alunos para a matemática”, disse Landim.
Hoje, o Impa inaugurou o seu Portal da Matemática, voltado para os primeiros anos do ensino fundamental. O endereço eletrônico é portaldosaber.obmep.org.br. Nessa página, pais, alunos e professores vão encontrar quebra-cabeças destinados a estudantes do primeiro até o quinto ano do ensino fundamental. “São pequenos quebra-cabeças em que os alunos têm de responder a desafios”, explicou Landim. “Uma brincadeira que pode ser realizada em casa e nas escolas também”. Cada desafio vem acompanhado de uma explicação e orientação para os professores.
Os pais se sentirão também engajados nesse esforço, disse Landim. “A participação dos responsáveis, dos pais, é fundamental”, salientou o diretor. “Estudos mostram que se os pais participam na educação dos filhos, acompanham os estudos, isso acaba se refletindo no desempenho dos alunos na escola”.
Características distintas
A Olimpíada do Nível A de Matemática tem características distintas da OBMEP tradicional, que abrange alunos do sexto ao nono ano do ensino fundamental e dos três anos do ensino médio. Por isso, Claudio Landim informou que o certame deve contar com a parceria das secretarias municipais de Educação. “O Impa concebe e disponibiliza a prova, Mas cabe às secretarias de Educação imprimir e distribuir a prova entre suas escolas”. Na OBMEP tradicional, que existe desde 2005, é o Impa que concebe, imprime, distribui e corrige as provas.
No experimento deste ano, como não há orçamento disponível, Landim esclareceu que será buscada a colaboração das secretarias. As secretarias estaduais também podem participar da 1ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – Nível A (OBMEP Nível A 2018), embora sejam poucas as instituições estaduais que têm esse primeiro segmento do ensino fundamental, explicou.
As inscrições para a OBMEP Nível A se estenderão até 10 de outubro. O calendário estabelece que no dia 18 de outubro as provas serão disponibilizadas para as secretarias e o exame será aplicado no dia 30 de outubro.
Escolas particulares
A primeira etapa da OBMEP tradicional, que a partir do ano passado incluiu estudantes das escolas particulares, ocorreu em junho deste ano. E a segunda fase, da qual participam 5% de cada escola, está prevista para o próximo sábado (15 de setembro), englobando 9 mil centros espalhados pelo país, onde mais de um milhão de alunos farão a prova.
Desde o ano passado, a OBMEP tradicional incorporou alunos das escolas particulares, embora mantenha o nome alusivo às escolas públicas. O projeto-piloto anunciado pelo Impa para 2018, voltado para os quarto e quinto anos do ensino fundamental, não contará com estudantes da rede privada. Isso poderá ocorrer em 2019 ou 2020, “dependendo dos resultados deste ano”, admitiu Claudio Landim.
O Impa acredita que a criação da OBMEP Nível A aumenta o potencial de participantes da OBMEP, que este ano reuniu mais de 18 milhões de estudantes de escolas públicas e privadas do país. Considerada a maior competição científica nacional, a olimpíada é realizada pelo Impa com apoio da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Ministério da Educação (MEC).
Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Edição: Fernando Fraga
12/09/2018