Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP – , recém-formado no curso de graduação em Física Médica na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Botucatu, foi um dos vencedores do prêmio Beatriz Neves 2018, pelo estudo de técnica matemática-computacional para a previsão de convulsões em pacientes com epilepsia.
Concedido pela Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), o prêmio tem como objetivo incentivar a participação de alunos de graduação em atividades de iniciação científica, em caráter nacional e no âmbito de Matemática Aplicada e Computacional. Há também uma categoria exclusiva para estudantes de pós-graduação.
Pacientes com epilepsia sofrem de alterações temporárias da atividade das células nervosas no cérebro, o que pode causar episódios repentinos de convulsão. Durante a iniciação científica, com , Tomanik utilizou conceitos da teoria de Redes Complexas para identificar alterações na atividade elétrica cerebral e assim predizer se uma convulsão estaria prestes a acontecer. Ele também utilizou dados obtidos pela técnica da eletroencefalografia (EEG), que consiste no registro gráfico das correntes elétricas desenvolvidas no encéfalo, por meio de eletrodos aplicados no couro cabeludo.
“Por meio da análise de dados de EEG de 23 pacientes e de um algoritmo de análise de dados fisiológicos, desenvolvido no meu doutorado, Tomanik mapeou esses dados em redes complexas e, por meio destas, detectou períodos que precedem e antecedem uma convulsão e também com convulsão epilética em plena atividade”, disse , professora assistente doutora do departamento de Bioestatística da Unesp de Botucatu e orientadora de Tomanik.
“Os resultados obtidos podem contribuir significativamente na melhora da qualidade de vida de pacientes com epilepsia que se veem muitas vezes isolados por conta do impacto físico, psicológico e social que a doença ainda apresenta”, disse Tomanik.
Parte da iniciação científica foi desenvolvida nos Estados Unidos por meio de uma da FAPESP.
“No laboratório do professor Luís Amaral, na Northwestern University, Tomanik pôde desenvolver parte de seu estudo no âmbito de um dos maiores grupos de pesquisa do mundo na área de redes”, disse Campanharo.
Tomanik iniciou em 2018 mestrado em Biometria pelo Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, também orientado por Campanharo. O projeto agora tem um desafio duplo: fornecer uma estimativa do tempo máximo que antecede uma convulsão e investigar estratégias de localização da zona epileptogênica, região do cérebro onde surgem as convulsões.
“Como aproximadamente 30% dos pacientes com epilepsia não respondem ao tratamento com drogas antiepilépticas, a detecção e remoção de tal zona proporcionaria a cura da doença em tais pacientes”, disse a orientadora.
O novo estudo conta com a colaboração do professor , do Departamento de Neurologia, Psicologia e Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Unesp, com o fornecimento de novos dados de EEG e contribuição nas análises.